Marlene Mattos para o STF
A ministra Rosa Weber autorizou que a Polícia Federal (PF) realizasse busca e apreensão de computadores, celulares e documentos na casa de Roberto e Andreia Mantovani....
A ministra Rosa Weber autorizou que a Polícia Federal (PF) realizasse busca e apreensão de computadores, celulares e documentos na casa de Roberto e Andreia Mantovani. Os dois são suspeitos de hostilizar a família do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes no aeroporto de Roma. Segundo a PF, a investigação apura os crimes de injúria, perseguição e desacato. Como diria um certo (ou errado) presidente da República, nunca antes na história deste país se fez uma busca e apreensão por tão pouco — e tão rápido.
O contexto não favorece a família Mantovani. Parece que tudo o que envolve hoje um ministro do STF inevitavelmente remete a ataques à corte suprema. Ainda que seja pela disputa por um lugar na fila do avião ou pela última coxinha do bufê, a chance de parar num inquérito do Supremo não é desprezível. Há quem clame por ordem e celebre a rigidez do Judiciário. De fato, não se deve tolerar agressões físicas ou verbais a autoridades — ou a qualquer outra pessoa. Mas talvez os juízes brasileiros estejam exagerando um pouco na reação, desde pelo menos a abertura do inquérito das fake news.
Os processos da Lava Jato começaram a cair no Supremo devido à interpretação de que Sergio Moro foi parcial ao condenar Lula. Um dos argumentos utilizados pelos ministros foi a condução coercitiva do então ex-presidente, à época acusado de crimes como corrupção e lavagem de dinheiro — a condução coercitiva foi usada 227 (sim, 227) vezes pela Lava Jato. Em reação à rigidez da operação que derrubaria anos depois, o STF proibiu em 2018 a coerção para interrogatório. “Se validarmos aqui regras autoritárias, o que o guarda da esquina fará?”, questionou Gilmar Mendes naquele julgamento.
Essa não parece ser mais uma preocupação dos ministros. Em maio passado, Alexandre de Moraes autorizou busca e apreensão em endereços do ex-presidente Jair Bolsonaro. A alegação de que Bolsonaro pôs em risco a democracia brasileira leva parte do país a fechar os olhos para o fato, por exemplo, de que a investigação sobre a suposta adulteração do cartão de vacina de Bolsonaro é feita no âmbito do inquérito das milícias digitais — as digitais, no caso, não são de dedos usados para assinar ou falsificar documentos.
O STF claramente não está em posição confortável desde que se tornou protagonista da política brasileira, na última década, e, em especial, após o início do conflitivo governo Bolsonaro. Seus ministros viraram alvo de críticas, ataques e ameaças — até outro dia de petistas, hoje de bolsonaristas —, e trataram de se defender com inquéritos nos quais são vítimas, procuradores e juízes, sem enxergar qualquer conflito de interesse ou parcialidade. Se é para endurecer mesmo, sugiro a indicação de Marlene Mattos para a cadeira que Rosa Weber deixará vaga em outubro — além de tudo, o número de mulheres na corte não diminuiria.
A famigerada ex-empresária da Rainha dos Baixinhos voltou ao noticiário após o lançamento de Xuxa, o Documentário. “Sou exigente? Sou. Chego a ser cruel? Sou, sou. Mas, olha, eu sei fazer as coisas. Quando eu me proponho, eu sei fazer as coisas”, diz Marlene diante da cria — ou “marionete”, como ela mesma chama Xuxa — na série documental da Globoplay. Nesta terça-feira (18), enquanto a PF vasculhava a casa dos Mantovani, a produtora se defendia nas redes sociais das críticas que tem recebido depois de ser gravada frente a frente com a traumatizada apresentadora e dizer que faria tudo de novo: “Você pode ter resultados ou desculpas, não os dois!”. Dias atrás, postou que “uma coisa que cai do céu é chuva, o resto é luta”. Marlene para o STF.
Leia mais sobre o STF: O ciclone Luís Roberto Barroso.
Os comentários não representam a opinião do site; a responsabilidade pelo conteúdo postado é do autor da mensagem.
Comentários (0)