Tarcísio e Haddad, a imagem do dia
Tarcísio de Freitas e Fernando Haddad se encontraram nesta quarta-feira e produziram a imagem do dia (foto). O governador de São Paulo, próximo de Jair Bolsonaro (PL), e o ministro da Fazenda do governo Lula (PT) discutiram a reforma tributária como deve acontecer nas democracias: sem concordância absoluta, mas com civilidade...
Tarcísio de Freitas e Fernando Haddad se encontraram nesta quarta-feira e produziram a imagem do dia (foto). O governador de São Paulo, próximo de Jair Bolsonaro (PL), e o ministro da Fazenda do governo Lula (PT) discutiram a reforma tributária como deve acontecer nas democracias: sem concordância absoluta, mas com civilidade.
Tarcísio está usando o peso de São Paulo na federação para ter certeza de que a conta da reforma tributária não recairá de maneira excessiva sobre os estados, inclusive o que ele governa. Está certíssimo. Ao mesmo tempo, ele disse que concorda em 95% com a matéria que está sendo discutida no Congresso. É uma posição bem diferente daquela assumida por Bolsonaro, que ontem contou mentiras para mobilizar seus seguidores — e os parlamentares do PL — contra a “reforma do PT”.
Primeiramente, a reforma não é do PT, assim como o novo marco do saneamento não foi de Bolsonaro: os dois textos são, antes de tudo, produtos de discussões do Congresso. Além disso, não existe plano maquiavélico para deixar os pobres ainda mais esfaimados tributando a cesta básica, ao contrário do que disse o ex-presidente.
Haddad também tem se mostrado muito mais racional do que seus colegas do PT, que hoje pediram ao presidente do Senado que interfira no Banco Central. Segundo eles, o fato de que o último relatório do Copom não teve votação unânime abriria margem para uma devassa no órgão e para que a opinião dos diretores que ficaram na minoria e acatam a visão petista — de que a redução na taxa de juros deve ser radical e imediata — se sobreponha à da maioria. Impotentes para aniquilar a autonomia do BC, os petistas capitaneados por Gleisi Hoffmann querem uma intervenção branca, criando uma espécie de BCdoB…
Democracia não é dança de salão. Inclui uma dose considerável de atrito, até mesmo de empurrões verbais. Mas não pode descambar para a mera violência retórica, como a esquerda e a direita continuam fazendo, sem qualquer contenção. Dialogar sob o mesmo teto, como fizeram Haddad e Tarcísio, não significa trair convicções ou capitular vergonhosamente diante do inimigo. Quer dizer apenas que o mundo é maior que o umbigo dos ideólogos e dos líderes populistas.
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