Marina está só
O esvaziamento das funções do Ministério do Meio Ambiente, pasta comandada por Marina Silva, na Medida Provisória da Esplanada dos Ministérios, foi uma demanda de integrantes da bancada ruralista e de setores mais conservadores do Congresso Nacional e acatada pelo próprio presidente Lula...
O esvaziamento das funções do Ministério do Meio Ambiente, pasta comandada por Marina Silva, na Medida Provisória da Esplanada dos Ministérios, foi uma demanda de integrantes da bancada ruralista e de setores mais conservadores do Congresso Nacional e acatada pelo próprio presidente Lula.
Conforme apurou O Antagonista, parlamentares do agro tem cobrado de Lula uma sinalização favorável ao setor, principalmente após os acenos do governo federal em direção ao MST. A articulação política do governo federal acredita que as mudanças propostas pelo deputado Isnaldo Bulhões (MDB-AL) no substitutivo da Medida Provisória podem ser suficientes para contemplar integrantes do agro.
Membros da bancada ruralista pressionaram para que o CAR (Cadastro Ambiental Rural) fosse para a estrutura do Ministério da Agricultura, do ex-senador Carlos Fávaro (PSD). No substitutivo, a estrutura, que estava sob o guarda-chuva de Marina Silva, foi para a Gestão e Inovação em Serviços Públicos.
Outra medida é a transferência da ANA (Agência Nacional das Águas) da pasta de Marina Silva para o Ministério do Desenvolvimento Regional, estrutura comanda por Waldez Góes, homem de confiança do presidente da CCJ do Senado, Davi Alcolumbre.
Além disso, os sistemas de informação em Saneamento Básico, sobre Gestão de Resíduos Sólidos e Gerenciamento de Recursos Hídricos também foram transferidos do Meio Ambiente, mas realocados para o Ministério das Cidades, pasta de Jader Filho (MDB-PA).
Três líderes do Centrão admitiram, em caráter reservado a este site, que o esvaziamento das funções do Meio Ambiente é importante para tirar o poder de Marina Silva, vista ainda como radical algumas por alas no Congresso.
Também pesou contra Marina uma queda de braço que ela teve desde a transição com Carlos Fávaro. A ministra vinha tendo vários embates com o ex-senador em assuntos como a flexibilização do uso de agrotóxicos, mas Fávaro tem ajudado na articulação política do governo federal.
Marina, por sua vez, percebeu que está sozinha. Em audiência na Câmara dos Deputados, a ministra criticou as mudanças feitas por Bulhões, mas evitou responsabilizar Lula no episódio.
“’A estrutura do seu governo não é essa que você ganhou as eleições, é a estrutura do governo que perdeu” e isso vai fechar todas as nossas portas”, disse a ministra, que vem reclamando de uma eventual “Bolsonarização” das políticas ambientais do PT.
A questão é que a própria base do governo reconhece que essas as mudanças propostas por Bulhões podem salvar o Planalto de novas derrotas na Câmara e Senado. Nas palavras de um articulador político do governo federal, “o trabalho, neste momento, é de contenção de danos.”
Ou seja, Marina está só.
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