A CPMI do 8 de Janeiro se tornou indispensável
A história da invasão da Praça dos Três Poderes no dia 8 de janeiro se complicou imensamente. A CNN divulgou imagens inéditas de câmeras de segurança do Palácio do Planalto. Elas mostram o general Marco Edson Gonçalves Dias, chefe do Gabinete de Segurança Institucional e homem de confiança de Lula, interagindo amistosamente com invasores do prédio, no hall de acesso ao gabinete do presidente da república...
Na manhã desta quarta-feira (19), a história da invasão da Praça dos Três Poderes no dia 8 de janeiro se complicou imensamente.
A CNN divulgou imagens inéditas de câmeras de segurança do Palácio do Planalto. Elas mostram o general Marco Edson Gonçalves Dias, chefe do Gabinete de Segurança Institucional e homem de confiança de Lula (foto), interagindo amistosamente com invasores do prédio, no hall de acesso ao gabinete do presidente da república.
As cenas sugerem duas possibilidades, ambas perturbadoras: ou o general optou por agir de maneira branda com vândalos, ou aquelas eram pessoas conhecidas, senão amigas.
Nenhuma dessas hipóteses pode ser descartada de antemão. O general – ministro do governo Lula – deve prestar esclarecimentos detalhados ao país.
Ele poderia ter começado a desvendar o caso já nesta tarde, uma vez que tinha audiência marcada na Comissão de Segurança Pública da Câmara dos Deputados para tratar, justamente, do 8 de Janeiro. Mas escapou do compromisso, apresentando um atestado médico.
As ligações dos atentados em Brasília com o discurso político de Jair Bolsonaro são tantas e tão evidentes que até ontem a ideia de uma CPMI para investigar os acontecimentos parecia mera tentativa de turvar as águas – uma oportunidade para relativizar os acontecimentos e diluir responsabilidades.
Não é mais assim. As cenas que vieram a público justificam uma investigação mais ampla e detida dos fatos.
Não é só Gonçalves Dias que age, diante dos manifestantes, como se nada de extraordinário estivesse em curso do lado de fora. O mesmo vale para integrantes de sua equipe.
Em uma sequência de imagens, novamente em frente à porta do gabinete presidencial, um deles distribui garrafas de água a gente vestida de verde e amarelo que não deveria estar ali. Em outro momento, os agentes do GSI indicam um caminho alternativo para que os invasores deixem o andar.
A ideia de que houve leniência de integrantes do governo com as invasões não pode mais ser menosprezada.
O fato de que os apoiadores de Jair Bolsonaro queriam um golpe militar não mudou, mas até mesmo a possibilidade de que gente se infiltrou na marcha sobre os Três Poderes para causar destruição já não pode ser tratada como simples teoria da conspiração.
Há dúvidas plausíveis no ar. É hora de suspender juízos e exigir explicações.
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