A política como estupidez e como palhaçada
Em 1º de setembro do ano passado, o presidente americano Joe Biden fez o discurso mais duro de seu mandato sobre os riscos do extremismo e das estratégias políticas do republicano Donald Trump...
Em 1º de setembro do ano passado, o presidente americano Joe Biden fez o discurso mais duro de seu mandato sobre os riscos do extremismo e das estratégias políticas do republicano Donald Trump.
“Há muitas coisas acontecendo em nosso país que não são normais”, disse Biden. “Donald Trump e os republicanos do movimento MAGA [uma referência ao slogan Make America Great Again] representam um extremismo que ameaça as próprias fundações de nossa república.”
Mesmo nesse ataque diretíssimo ao seu adversário, Biden se limitou a chamar Trump pelo nome. É uma demonstração tácita de que, embora a política não seja troca de gentilezas, nem por isso precisa descambar para a estupidez – ou a palhaçada.
Lula discursou hoje em uma solenidade relacionada ao Dia da Mulher. Uma de suas mensagens foi que a causa feminina retrocedeu durante o governo anterior. Nada que não coubesse no jogo político, não fosse a maneira como ele se referiu a Jair Bolsonaro: “o coisa”.
Isso tem sido comum nos discursos do presidente. Não é a primeira vez que ele se refere dessa maneira ao antecessor.
Uma das coisas execráveis sobre Bolsonaro era sua falta de compostura. Ele a atirava o tempo todo na cara dos passantes. Lula não quer ficar atrás. Recusa-se a subir um degrau que seja em civilidade. Também acha que essa história de decoro político é frescura.
Os dois políticos sabem que jamais vão conquistar um fiapo de simpatia que seja do campo contrário. Por isso, falam sem filtro nenhum para suas claques.
No meio da guerra de lama fica essa parcela gigante do eleitorado – 40%? Um pouco mais? – que não acredita que veio ao mundo para cultuar um líder.
É gente que preferiria que os políticos, no exercício do mandato, reprimissem o narcisismo, o histrionismo e a vulgaridade, e simplesmente cuidassem do que interessa a todos de maneira sóbria.
Um dia, quem sabe, esse eleitorado alcança o que deseja.
*******
PS: Nesta quarta-feira, o deputado federal Nikolas Ferreira, que acaba de estrear na Câmara, vestiu uma peruca loira para discursar. Renovação política é isso aí.
Os comentários não representam a opinião do site; a responsabilidade pelo conteúdo postado é do autor da mensagem.
Comentários (0)