Cuidado! O Brasil não é uma ilha
No mercado existe um termo muito utilizado pelos financistas, o “home bias”, termo que pode ser traduzido como “viés caseiro” ou “viés local”. Normalmente, ele é utilizado para se referir à tendência de se investir em mercados locais. É quando, por exemplo, vemos que o brasileiro tem uma predisposição a investir somente no Brasil...
No mercado existe um termo muito utilizado pelos financistas, o “home bias”, termo que pode ser traduzido como “viés caseiro” ou “viés local”. Normalmente, ele é utilizado para se referir à tendência de se investir em mercados locais. É quando, por exemplo, vemos que o brasileiro tem uma predisposição a investir somente no Brasil.
Apesar de o Relatório Especial de hoje não falar sobre investimentos no exterior, estou usando o termo como apoio para um outro efeito que, na prática, é bem diferente: a tendência de os investidores olharem apenas para o contexto econômico local.
Hoje, aqui, as únicas discussões travadas são: “Bolsonaro ou Lula?” e “quando os juros começarão a cair?”.
Sim, por diversas vezes citei em relatórios que o Brasil está em uma situação privilegiada em relação às principais economias mundiais, mas, em minha opinião, isso não nos blinda de sofrer os efeitos de uma piora global, apenas ameniza.
De que efeitos estou falando? Nos EUA, por exemplo, estamos passando neste momento por um dos processos de maior destruição de riqueza já visto. Investidores perdem tanto na renda variável, com a queda do S&P 500, quanto na renda fixa, com a forte alta dos juros por lá. Na Europa, a intensificação do conflito e a chegada do inverno desvalorizam o Euro e também contribuem para o aumento dos juros.
Esses movimentos são tão fortes que o nosso diferencial de juros está encolhendo de forma acelerada, dado que todas as expectativas do mercado em relação ao juros americanos estão sendo, reunião após reunião, revisadas para cima. Considerando os juros para daqui a um ano, tendo como base janeiro deste ano, a diferença entre os nossos juros e os americanos era de 11 pontos percentuais; hoje é de 7.
Não me entenda mal, isso não é algo ruim ou preocupante, mas com certeza nos põe numa posição de maior risco. Por isso, apesar de tudo que vem sendo dito, considero que ainda é hora de termos cautela. Como comentei anteriormente, sim, o Brasil se encontra numa posição privilegiada, no entanto, isso não nos impede de sofrer com as mudanças no mundo.
Para navegar neste cenário, minha opção na carteira da Top Trades é tomar risco local de forma moderada e utilizar ativos de proteção para amortecer eventuais quedas. Caso tenha interesse em conhecer melhor essa estratégia, clique aqui. Na série, você poderá participar do nosso grupo de discussões e acompanhar o mercado junto comigo.
Nícolas Merola, analista CNPI na Inv Publicações.
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