Inflação americana choca os mercados
Nos últimos dias, o S&P 500, principal índice da bolsa americana, subiu mais de 6% se posicionando para o CPI (Consumer Price Index) divulgado há pouco. Depois do dado quase estável do mês passado, a expectativa era otimista com uma deflação de 0,1%. Essa queda seria principalmente ocasionada pela desvalorização recente nos preços dos combustíveis...
Nos últimos dias, o S&P 500, principal índice da bolsa americana, subiu mais de 6% se posicionando para o CPI (Consumer Price Index) divulgado há pouco. Depois do dado quase estável do mês passado, a expectativa era otimista com uma deflação de 0,1%. Essa queda seria principalmente ocasionada pela desvalorização recente nos preços dos combustíveis.
Esse otimismo não era apenas pelo dado em si, mas pelo fato de que ele poderia depois ser alardeado como um momento de mudança de paradigma, uma forma de vitória simbólica. Porém, apesar da reação otimista das bolsas se preparando para o evento, os mercados de renda ficaram parados, não compartilhando o mesmo otimismo da renda variável.
O número que acabou sendo confirmado foi uma alta de 0,1%, a vigésima sétima consecutiva. De fato, a queda nos preços dos combustíveis, de 5% contra o mês anterior, teve um efeito positivo no número, mas a alta dos alimentos, que registra 11,4% em 12 meses e a maior acumulada desde maio de 1979, fez muito mais peso.
E mais importante, o core, que esperava uma alta de 0,3%, razão pela qual a renda fixa não estava animada, veio dramaticamente pior, registrando uma alta de 0,6%. Esse movimento tem sido puxado por serviços e aluguéis, que continuam subindo desde o início da dinâmica de aceleração de preços. Além disso, os seguros de saúde subiram 2,4%, acumulando 24,3% nos últimos 12 meses, um setor diretamente ligado à renda e empregos, que continuam surpreendendo para cima como vimos no último payroll.
O mercado futuro de FED Funds rapidamente precificou uma probabilidade de 90% de uma alta de 75 pontos-base e de 10% de 100 pontos-base para a próxima reunião do FOMC. Algo que vai diretamente contra a narrativa que vinha sido construída de que o pior já tinha ficado para trás.
Com isso, a bolsa americana caiu 3,5% desde o anúncio do número e, neste momento, a Treasury de 2 anos faz a máxima em 3,71%, patamar visto pela última vez em 2007. O dólar contra a cesta de moedas se aproxima da máxima do ano, enquanto as bolsas operam ainda 3% acima da mínima da semana passada e 10% acima da mínima do ano.
O mercado de renda fixa continua enxergando algo muito pior do que o mercado de renda variável, que apesar do choque de hoje, ainda se encontra sensivelmente mais valorizado. Quem vai se provar correto?
Nota de editor: se você quer saber a resposta para essa e outras perguntas, siga a série Você Gestor, do autor desse texto, que tem uma carteira multimercado que está rendendo mais de 40% apenas este ano.
Rodrigo Natali, estrategista-chefe na Inv Publicações.
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