O islamismo é um totalitarismo
A fatwa contra Salman Rushdie, decretada em 1989 pelo aiatolá Khomeini (foto) e reafirmada em 2019 pelo seu sucessor como líder supremo do Irã, Ali Khamenei, pode ter sido cumprida hoje, antes de o escritor britânico de origem indiana começar uma palestra numa cidade do estado de Nova York. No momento em que escrevo este artigo, Salman Rushdie está numa mesa de cirurgia, depois de receber facadas no pescoço e no abdome. Embora a polícia afirme que as motivações do criminoso, Hadi Matar, ainda são incertas, a sentença de morte que pairava sobre o escritor não pode nem deve ser excluída do processo...
A fatwa contra Salman Rushdie, decretada em 1989 pelo aiatolá Khomeini (foto) e reafirmada em 2019 pelo seu sucessor como líder supremo do Irã, Ali Khamenei, pode ter sido cumprida hoje, antes de o escritor britânico de origem indiana começar uma palestra numa cidade do estado de Nova York. No momento em que escrevo este artigo, Salman Rushdie está numa mesa de cirurgia, depois de receber facadas no pescoço e no abdome. Embora a polícia afirme que as motivações do criminoso, Hadi Matar, ainda são incertas, a sentença de morte que pairava sobre o escritor não pode nem deve ser excluída do processo.
Como escrevi no Twitter, “o Islã não esquece as fatwas, mas o Ocidente esquece as fatwas do Islã”. Depois de todos os atentados terroristas perpetrados nos Estados Unidos e na Europa, de todas as atrocidades cometidas em nome do profeta Maomé contra inteiras populações muçulmanas, de todas as barbaridades praticadas contra mulheres, de todas as destruições de obras de arte consideradas heréticas e, agora, do ataque brutal a Salman Rushdie, é uma ingenuidade acreditar que o islamismo é uma religião como qualquer outra, como tentam nos fazer crer os relativistas.
Sim, o cristianismo também tem uma história feia, sanguinária e censória. Mas, no decorrer dos séculos, a religião cristã evoluiu, obrigada a renunciar ao totalitarismo e aos piores obscurantismos doutrinários pelo advento dos estados laicos, da democracia representativa, dos direitos humanos, das liberdades fundamentais, do capitalismo. A religião muçulmana, contudo, permaneceu onde sempre esteve, na Idade Média ou adjacências, também por força da confusão que sempre existiu, em maior ou menor grau, a depender das circunstâncias políticas locais, entre o poder temporal e o poder espiritual nos países em que ela é majoritariamente praticada.
O extremismo islâmico é a face mais nefasta de uma religião que continua a ter na opressão, na violência e na censura as suas pedras angulares. Sim, o islamismo produziu arquitetura e literatura. Produziu beleza e cultura. Tem vários bons aspectos em comum com as outras duas grandes religiões monoteístas, o judaísmo e o cristianismo, das quais se originou. Mas tem na espada o seu maior argumento, que é argumento nenhum. É um totalitarismo que não se casa com a democracia, é duvidoso que um dia se casará —e espanta, por exemplo, ver muçulmanas reivindicando o direito de usar véus em universidades e repartições públicas na Europa Ocidental, como se isso fosse liberdade multicultural.
A única resposta a uma religião que insiste em chafurdar no obscurantismo é mais civilização — civilização da qual Salman Rushdie é um dos mais brilhantes faróis — e o consequente reforço dos princípios da laicidade.
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