Klabin: dividendos crescendo e o projeto Figueira
Na última semana, a Klabin (foto) divulgou um novo projeto de expansão de uma planta de papel ondulado no estado de São Paulo, com investimento de R$ 1,6 bilhão. No entanto, o projeto foi contestado por conselheiros independentes...
Na última semana, a Klabin (foto) divulgou um novo projeto de expansão de uma planta de papel ondulado no estado de São Paulo, com investimento de R$ 1,6 bilhão. No entanto, o projeto foi contestado por conselheiros independentes; as ações chegaram a cair 8% na quinta-feira (21), mas já se recuperaram. No meio de tudo isso, é um bom momento para investir em Klabin?
A Klabin é uma empresa focada na produção de derivados do papel e da celulose, sendo o seu principal objetivo industrializar e vender no mercado interno itens como o papel ondulado. Somente neste segmento, a empresa já produz 970 mil toneladas por ano. Com o novo projeto Figueira, em Piracicaba (SP), que está para ser entregue em 2024, deve ampliar essa capacidade em mais 100 mil toneladas.
O projeto é pequeno quando comparado ao tamanho da companhia, que tem um capital investido de R$ 40 bilhões. Porém o projeto Figueira acabou se tornando um assunto relevante entre os dias 21 e 22 deste mês, por causa do voto contrário (divulgado em uma ata da companhia) no qual dois conselheiros comentam que ele pode vir a ter rentabilidade negativa. Isso assustou os investidores em um primeiro momento, fazendo com que as ações sofressem uma queda de 8% na abertura de mercado da última quinta-feira (21).
Na Inv, entramos em contato com o Departamento de Relações com Investidores da Klabin para entender um pouco mais sobre o projeto e, assim como o mercado (após a queda inicial, as ações já se recuperaram e são negociadas num patamar maior que antes do anúncio), tivemos uma percepção positiva sobre a proposta.
Vejamos: a Klabin visa à expansão da produção de papelão ondulado em razão do crescente consumo do produto, que pode forçar a empresa a colocar um terceiro turno de produção, gerando custos elevados. A solução encontrada foi a expansão do segmento por meio de uma nova planta no estado de São Paulo, local de forte demanda.
A empresa informou que espera uma boa rentabilidade no Figueira, que, de fato, tem uma margem menor do que outros projetos da empresa (como o Puma II). Em contrapartida, o papelão ondulado tem uma receita mais estável e uma demanda mais previsível, uma vez que 64% dessa demanda está ligada aos produtos de alimentação. A rentabilidade de Klabin continua em um patamar elevado e com um retorno de 20% ao ano sobre o capital empregado.
Outro destaque é a política de dividendos atrativa. Atualmente, a companhia distribui 20% da geração de caixa operacional (Ebitda) aos acionistas. Com isso, em nossa análise, ela deve remunerar os acionistas, já em 2022, com R$ 1,5 bilhão em forma de proventos —uma renda comparável ao preço de tela atual de 7% no ano. Lembrando que essa remuneração deve subir à medida que a Klabin conseguir reduzir seu endividamento. Por essa razão, nossa expectativa é que essa remuneração seja de R$ 4 bilhões, o que pode elevar a renda em dividendos para 19% em 2024.
Dessa forma, observamos os acontecimentos da última semana como ruído e seguimos confiantes com a tese de investimentos em Klabin.
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João Abdouni, analista CNPI na Inv Publicações.
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