Agamenon: A vaca foi pro Pantanal
Hoje eu poderia não escrever sobre vários assuntos: o cancelamento do vencedor do BBB Arthur Aguiar, a desvalorização das criptomoedas, a Terceira Via, os limites do humor, as urnas eletrônicas, o papel (papelão), o golpe que o Bolsonaro quer dar, a guerra na Ucrânia, os mais novos demitidos da Rede Globo...
Hoje eu poderia não escrever sobre vários assuntos: o cancelamento do vencedor do BBB Arthur Aguiar, a desvalorização das criptomoedas, a Terceira Via, os limites do humor, as urnas eletrônicas, o papel (papelão), o golpe que o Bolsonaro quer dar, a guerra na Ucrânia, os mais novos demitidos da Rede Globo, a inflação galopante, o Mendigo Comedor de Brasilândia e a nova dancinha do Tik Tok. Mas para mim esses assuntos palpitantes e palpitosos só têm uma coisa em comum: não me interessam, muito pelo contrário.
O Brasil é um país caranguejo, Em vez de ir pra frente, nossa pátria armada só pensa em andar pra trás, e o maior exemplo disso é a volta da novela Pantanal. Incapaz de produzir uma novela que faça sucesso, a Globo resolveu apelar para o passado e refazer Pantanal, que bombou no século XX na TV Manchete. A TV Manchete já não existe mais, e o próprio pantanal está em extinção graças à política ambiental incendiária de BolsoNero.
Muitos atores que participaram da produção original, se não morreram, estão de volta no papel de avós dos personagens que interpretaram. Para dar uma atualizada, a novela resolveu incluir uns toques de modernidade politicamente correta. Por exemplo, Juma Marruá, a mulher que virava onça, agora se transforma num veado que também trabalha no papel do mordomo Zaqueu. E os vorazes peixes que infestavam os rios da região também não são mais chamados de piranhas, mas de criaturas piscosas que exercem plenamente a sua sexualidade com fins de entretenimento.
E não é só apenas isso. O personagem Velho do Rio só quer ser chamado de Idoso do Rio e exibe orgulhoso a sua caderneta do SUS com a quarta dose da vacina. Mesmo assim, várias entidades que representam minorias protestaram. Acham que o personagem deveria se chamar “Velho Preto Quilombola Sem Terra LGBTQIA+ do Rio”.
O gado, que passa (e pasta) de lá pra cá em meio às belas passagens devastadas, é feito de figuro-ruminantes bolsonaristas. Os apoiadores de quatro patas do presidente têm atrapalhado muito as gravações porque não decoram as falas e ficam mugindo palavras de ordem em louvor ao seu líder, que, dizem as más línguas, também tem chifres. Foi por isso que a Rede Globo, comunista de esquerda, não convidou o Lula para o papel de Velho do Rio.
Na verdade, o nome da novela não deveria ser Pantanal, mas Pantanoso: teria mais a ver com a situação do Brasil atual. No entanto, não iria funcionar como novela, pois toda novela tem que ter pelo menos um mocinho e no Brasil só tem bandido. Na verdade, essa novela só tem um objetivo: desviar a atenção do público para não assistir ao Domingão do Faustão que é apresentado todos os dias na Band.
Enquanto crítico de televisão isento e imparcial, sempre tenho como hábito não assistir a nenhum capítulo de Pantanal, para não me deixar influenciar. Se eu assistisse a essa “novelha”, o meu juízo crítico seria afetado e eu perderia toda a minha credibilidade junto aos meus 17 seguidores e meio (não se esqueçam do anão!). Por conta das minhas convicções jornalísticas, só me resta guardar minha boca para comer farinha, —que , aliás, só nesta semana já subiu mais de 200%.
Agamenon Mendes Pedreira é o Velhaco do Rio.
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