Michel Temer: vítima de si mesmo
O ano e provavelmente toda a trajetória política de Michel Temer podem ser divididos em dois. Antes e depois da divulgação da conversa clandestina com Joesley Batista no Palácio do Jaburu, em maio...
O ano e provavelmente toda a trajetória política de Michel Temer podem ser divididos em dois. Antes e depois da divulgação da conversa clandestina com Joesley Batista no Palácio do Jaburu, em maio.
Até então, Temer conduzia o governo com relativo sucesso.
Depois do áudio de Joesley, para manter-se no cargo, abriu as burras para comprar parlamentares e perdeu força para aprovar as reformas necessárias. A da Previdência, considerada vital para manter em dia as contas públicas, atolou, sem votos suficientes no Congresso.
Em geral comedido, Temer foi pego pela boca, ao ser gravado pelo empresário da JBS, num encontro clandestino no Palácio do Jaburu, dizendo a frase “Tem que manter isso aí, viu”, interpretado pela PGR como um endosso à compra do silêncio de Eduardo Cunha.
Para piorar a situação, a PF gravou, em vídeo, Rodrigo Rocha Loures, então assistente especial do presidente da República, correndo por uma rua de São Paulo, com uma mala recheada com 500 mil reais de propina da JBS.
Diante dos fatos, Temer afirmou ter sido alvo de uma trama que pretendia derrubá-lo do poder planejada por Rodrigo Janot e executada por Joesley. Temer foi principalmente vítima de si mesmo.
Ao contrário de Renan Calheiros e Lula, ele nunca pregou contra a Lava Jato, embora acusado de receber propina da Odebrecht. Mas agiu contra a operação, cortando recursos da PF, apoiando por meio do seu partido a lei de abuso de autoridade, a fim de restringir a ação de procuradores e juízes, e aprovando um indulto de Natal que colocará em liberdade corruptos presos na Operação.
O presidente da República é alvo de um inquérito no STF e detentor de um nível recorde de rejeição, aprovado por míseros 3% da população (no final do ano, esse número subiu para 6%). Assim mesmo, aposta na recuperação da economia e já deu sinais de que quer fazer o sucessor.
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