Macron é o favorito, mas o segundo turno não será fácil
A vitória de Emmanuel Macron (foto) no primeiro turno das eleições presidenciais da França, por uma diferença de cinco pontos percentuais sobre Marine Le Pen, a candidata de extrema-direita apoiada por Vladimir Putin, faz a Europa respirar aliviada. A vantagem deve-se em grande parte à mais alta abstenção desde 2002. Um em cada quatro eleitores franceses não votou. Ao que tudo indica, a abstenção prejudicou tanto Marine Le Pen quanto Jean-Luc Mélenchon, de extrema-esquerda, que chegou em terceiro lugar...
A vitória de Emmanuel Macron (foto) no primeiro turno das eleições presidenciais da França, por uma diferença de cinco pontos percentuais sobre Marine Le Pen, a candidata de extrema-direita apoiada por Vladimir Putin, faz a Europa respirar aliviada. A vantagem deve-se em grande parte à mais alta abstenção desde 2002. Um em cada quatro eleitores franceses não votou. Ao que tudo indica, a abstenção prejudicou tanto Marine Le Pen quanto Jean-Luc Mélenchon, de extrema-esquerda, que chegou em terceiro lugar, um ponto atrás da adversária. O perfil dos simpatizantes de ambos — trabalhadores de baixo salário no caso da primeira; jovens no caso do segundo — mostra que eles são mais propensos a não votar.
À exceção de Éric Zemmour, da super extrema-direita, que obteve 7% dos votos e já declarou apoio a Marine Le Pen, todos os outros candidatos dos partidos que importam, num arco que vai da centro-direita à extrema-esquerda, já afirmaram que, agora, se trata de impedir Marine Le Pen de chegar ao poder. Neste momento, a projeção da BFMTV/L’Express indica que, no segundo turno, Emmanuel Macron teria 52% das intenções de voto, contra 48% de Marine Le Pen. A diferença de 4 pontos indica que, se houver vitória do atual presidente, ela será por margem menor, mas bem menor do que em 2017, quando Emmanuel Macron obteve o dobro dos votos da candidata de extrema-direita no round decisivo.
O segundo turno da eleição ocorrerá em 24 de abril. O grande tema, como ocorreu no primeiro turno, será a perda do poder aquisitivo. É em torno dele, principalmente, que a campanha das próximas duas semanas se concentrará. Marine Le Pen tentará reforçar a percepção de que Emmanuel Macron é o presidente dos ricos e de que ela é o nome dos pobres; Emmanuel Macron deverá bater na tecla de que a sua adversária é “racista”, esquecer providencialmente a ideia de aumentar a idade de aposentadoria para 65 anos e entrar em acordo com Jean-Luc Mélenchon, que declarou, logo depois da divulgação dos resultados de primeiro turno, que “nenhum voto” dos seus eleitores “deve ir para Marine Le Pen”.
O fato de Jean-Luc Mélenchon ter declarado a sua aversão a Marine Le Pen não significa necessariamente que todos os seus partidários votarão automaticamente em Emmanuel Macron. De acordo com uma pesquisa divulgada pela BFMTV, 40% dos eleitores do político de extrema-esquerda pretendem abster-se de votar no segundo turno. Além disso, bem de acordo com a teoria da ferradura, Jean-Luc Mélenchon e Marine Le Pen são próximos ideologicamente em diversos pontos, como no caso da União Europeia (o primeiro quer uma “refundação” do bloco; a segunda queria até recentemente que a França saísse dele). O atual inquilino do Palácio do Eliseu precisará, portanto, de um empenho maior do líder da extrema-esquerda, para atenuar a má fama de ser o presidente dos ricos e do mandatário que sacrifica a França em favor da Europa.
Emmanuel Macron terá uma noite de sono melhor do que a última, ele é o favorito, mas a batalha do segundo turno não será fácil.
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