O tempo da Terceira Via
Ouvi há pouco, do estrategista de uma campanha presidencial, que nenhum candidato da Terceira Via tem chances de dar um salto expressivo nas pesquisas sem ajuda da propaganda eleitoral...
Ouvi há pouco, do estrategista de uma campanha presidencial, que nenhum candidato da Terceira Via tem chances de dar um salto expressivo nas pesquisas sem ajuda da propaganda eleitoral.
Não se trata da propaganda partidária que está sendo veiculada na televisão desde o começo de março. O número de inserções a que cada partido tem direito é pequeno demais para causar impacto nas intenções de voto. Basta observar que nem Sergio Moro (foto, ao centro), nem Ciro Gomes, nem Simone Tebet (foto, à esq.), que já estrelaram os filmes de suas respectivas legendas, deslancharam por causa disso.
O que pode fazer diferença, segundo o estrategista, é a propaganda que entra no ar em 16 de agosto e vai até a antevéspera do primeiro turno, que acontece em 2 de outubro. Só ali, haverá exposição suficiente para pôr de pé uma candidatura capaz de desafiar os dois nomes que hoje lideram a corrida.
Pode-se perguntar de onde vem essa certeza. Pesquisas para uso interno dos partidos testaram cenários sem a presença de Lula e Bolsonaro, para verificar como os votos se dividiriam entre os candidatos remanescentes. Ninguém disparou na frente. Isso significa que todos os nomes da Terceira Via precisam de um trabalho intenso de “construção de imagem”, seja para ressaltar qualidades, seja para desfazer arestas. Algo que só um canhão de comunicação será capaz de proporcionar.
Dito de outra maneira: a Terceira Via viverá ou morrerá nos quarenta e cinco dias de propaganda eleitoral. E só tem chances de viver e prosperar caso concorra unificada – obviamente, para evitar a dispersão de votos; mas, antes disso, para permitir que o seu nome de consenso conte com toda a exposição possível.
Uma objeção a esse raciocínio vem da campanha de 2018. Naquela ocasião, Geraldo Alckmin, que também se apresentava como alternativa de centro às candidaturas dos extremos, apostou em formar uma coalizão com vários partidos, para garantir um bom tempo de televisão. E não deu certo. Ele acabou com a mesma porcentagem de votos com que havia iniciado.
Mas Alckmin era um político tradicional e um nome bastante conhecido, ao passo que desta vez haveria candidatos capazes de encarnar mais facilmente a renovação política.
Se tudo isso estiver correto, ao longo dos próximos quatro meses os acontecimentos nos bastidores de PSDB, Cidadania, MDB, União Brasil e Podemos serão muito mais importantes do que qualquer coisa que os pré-candidatos da Terceira Via possam fazer em público. As negociações entre os caciques partidários dirão se a Terceira Via chega a meados de agosto com o combustível necessário para decolar.
Em 2022, apostar na Terceira Via significa dar tempo ao tempo.
Haja paciência. Haja sangue frio.
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