“Não vamos fugir”
As imagens dos cadáveres de Tetyana Perebynis e de suas duas filhas, assassinadas pelos russos nos primeiros dias de guerra, enquanto tentavam de fugir de Irpin, chocaram o mundo e revelaram qual era o verdadeiro plano de Vladimir Putin. O jornal italiano La Repubblica, nesta segunda-feira, publica uma entrevista igualmente chocante e reveladora com o viúvo de Tetyana, Serhiy...
As imagens dos cadáveres de Tetyana Perebynis e de suas duas filhas, assassinadas pelos russos nos primeiros dias de guerra, enquanto tentavam de fugir de Irpin, chocaram o mundo e revelaram qual era o verdadeiro plano de Vladimir Putin.
O jornal italiano La Repubblica, nesta segunda-feira, publica uma entrevista igualmente chocante e reveladora com o viúvo de Tetyana, Serhiy.
Ele disse que soube da morte da mulher e das filhas pelo Twitter:
“Eu estava fumando um cigarro na varanda do apartamento da minha mãe, em Donestsk. Eu havia levado um respirador para ela, porque ela estava com Covid. Tetyana e eu tínhamos combinado todos os detalhes de sua fuga de Irpin e eu acompanhava seus movimentos pelo Google. Como a conexão estava ruim, o T de Tetyana aparecia e sumia da tela. Só voltou a aparecer novamente no Hospital número 7. Eu não conseguia entender o motivo. Então vi um tweet com aquela foto. Gritei com toda a minha força. A partir daquele instante, meu único objetivo era vê-las uma última vez e dar-lhes um enterro digno. Mas como Donetsk está no Donbas filo-russo, não dá para entrar na Ucrânia”.
Perebynis conta que foi de ônibus de Rostov até Moscou, e dali à Polônia, Lviv e, finalmente, Kiev.
“Fiquei três dias no necrotério central número 1, porque havia muitos cadáveres de Irpin e Bucha, você tinha que entrar na fila. Pedi aos voluntários que me levassem até minha esposa para desbloquear seu iPhone. Contém fotos da minha família, eu as queria. Peguei o polegar frio de Tetyana e coloquei na tela, mas não desbloqueou o telefone, que só funciona com pessoas vivas. Depois de um tempo, eles me deram três caixões. Vesti a Mykyta e a Alisa, vesti a minha Tetyana, e enterrei-as no cemitério de uma aldeia no sul da capital”.
Seus dois cachorros, Keks e Benz, foram enterrados num cemitério de animais.
Agora ele entrou para a guarda de defesa territorial e planeja voltar a Irpin para disparar contra os russos que assassinaram sua mulher e suas filhas:
“Tenho uma espingarda, que ficou na minha casa. Sim, é o desejo de vingança que me move. E o desejo de proteger minha pátria. Eu já fugi do Donbas em 2014. Não vamos fugir dessa vez”.
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