“Temos que mostrar claramente que o Brasil defende a Ucrânia”, diz Rubens Bueno
O vice-presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara, Rubens Bueno (Cidadania-PR), criticou, em entrevista a O Antagonista, a postura de Jair Bolsonaro frente ao conflito entre Rússia e Ucrânia...
O vice-presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara, Rubens Bueno (Cidadania-PR), criticou, em entrevista a O Antagonista, a postura de Jair Bolsonaro frente ao conflito entre Rússia e Ucrânia.
Em 10 dias de guerra, Bolsonaro tem evitado criticar as ações do Kremlin e chegou a chamar o presidente da Rússia, Vladmir Putin, de “parceiro” durante a sua live da última quinta-feira.
“Nós tínhamos que ter uma posição firme e combater com veemência a invasão de um país por outra nação fortemente armada, como é a Rússia”, disse o deputado.
“A nossa Constituição fala na autodeterminação dos povos, algo que está na Carta da ONU e em resoluções várias. Não podemos concordar de forma alguma com isso: um país invadindo o outro, não pode”, acrescentou o parlamentar.
Leia os principais trechos da entrevista:
Como o senhor analisa essa postura teoricamente neutra de Jair Bolsonaro em relação ao conflito da Ucrânia com a Rússia?
Primeiro, o presidente vai a Moscou e leva publicamente solidariedade à Rússia, comunica isso ao presidente Putin. Depois, vem com essa conversa de neutralidade. E o que vai ser amanhã? Nós tínhamos que ter uma posição firme e combater com veemência a invasão de um país por outra nação fortemente armada, como é a Rússia. Não podemos deixar por isso mesmo. Temos que mostrar claramente que o Brasil defende especialmente a Ucrânia, em um momento grave como esse.
O senhor acha que o Brasil poderia ser mais incisivo?
A nossa Constituição fala na autodeterminação dos povos, algo que está na Carta da ONU e em resoluções várias. Não podemos concordar de forma alguma com isso: um país invadindo o outro, não pode. Isso fere leis internacionais. Isso é megalomania do Putin. Essa megalomania tem que ser estancada firmemente. Solidariedade, neutralidade? Isso desmoraliza o nosso país perante o mundo.
Em termos práticos, o que esse posicionamento do presidente pode trazer de prejuízos ao Brasil, deputado?
Essa é uma crise mundial. Imagine todas as sanções econômicas impostas até o momento. As indústrias estão deixando de produzir na Rússia, Volkswagen, tantas outras. Isso traz um prejuízo muito grande. E nós temos uma relação comercial também. A agricultura e o agronegócio dependem muito dos fertilizantes que vem da Rússia e da Ucrânia. Como é que vamos tratar isso? A Rússia, que tinha previsão de crescimento de 2% este ano, já tem uma indicação para 2022 de queda no PIB na casa dos 7%. Isso é um baque para a economia e isso vai ser reproduzido no mundo inteiro. O Brasil vai sofrer muito com isso, com essas consequências. O barril do petróleo aumentou, isso impacta no preço dos combustíveis e traz dificuldades tantas outras.
Mas surpreendeu a postura de Jair Bolsonaro nesse conflito? Ou não?
Não surpreende porque eu o conheço desde 1991, quando ele chegou em Brasília como deputado federal. Em 28 anos na Câmara Federal, ele sempre adotou esse tipo de postura. São 28 anos de mandatos inúteis para o país. É uma tragédia, uma lástima que tenhamos chegado a esse ponto de ver o Brasil sendo presidido por Jair Bolsonaro.
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