Exclusivo: Mourão diz que situação na Ucrânia acende alerta sobre a Amazônia
Em entrevista a O Antagonista, Hamilton Mourão disse que a escalada da tensão envolvendo Rússia e Ucrânia serve de alerta para a preservação da soberania brasileira, sobretudo no que diz respeito ao controle da Amazônia. O vice-presidente da República, que é general da reserva do Exército, classificou como "muito séria" a situação, principalmente depois que o presidente russo reconheceu ontem a independência de duas áreas separatistas: Luhansk e Donetsk, ambas localizadas na região de Donbas...
Em entrevista a O Antagonista, Hamilton Mourão disse que a escalada da tensão envolvendo Rússia e Ucrânia serve de alerta para a preservação da soberania brasileira, sobretudo no que diz respeito ao controle da Amazônia.
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O vice-presidente da República, que é general da reserva do Exército, classificou como “muito séria” a situação, principalmente depois que o presidente russo reconheceu ontem a independência de duas áreas separatistas: Luhansk e Donetsk, ambas localizadas na região de Donbas.
“Isso é algo que vai contra a forma com que a diplomacia, vamos dizer assim, do Brasil atua. Porque nós reconhecemos o direito de não intervenção, o direito da soberania dos povos. Então, nós temos que ter muito cuidado com isso aí, porque nós temos uma Amazônia enorme e que, em algum momento, alguém pode chegar e dizer ‘não, aqui nós temos uma nação ‘x’, uma nação ‘y’ aqui’ e dizer que vai apoiar que aquela nação se desmembre do Brasil. Já tivemos até questão de movimento separatista no sul do Brasil, em período recente. Então, nós temos que ter cuidado com isso aí.”
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Perguntamos se Mourão considera, então, que a situação na Ucrânia serve de alerta ao Brasil. Ele afirmou que, no entender dele, sim.
“É um alerta, um alerta. O Brasil tem que se posicionar muito claramente a esse respeito.”
Na semana passada, Jair Bolsonaro esteve com Putin em Moscou. Na ocasião, Mourão afirmou que não via problema na viagem. Hoje, perguntamos se o vice-presidente continuava com a mesma opinião, se ele considerava que, de fato, a viagem havia ocorrido no tempo certo.
“Olha, naquele momento ali, há coisa de 10 dias, quando ele [Jair Bolsonaro] foi para a Rússia, eu não vi que a visita dele lá significaria, vamos dizer assim, um apoio do Brasil à posição que a Rússia está tendo, não é?”, respondeu.
Em Moscou, Bolsonaro disse que “nós somos solidários à Rússia”, o que provocou uma reação dos Estados Unidos. Provocado a comentar a declaração do presidente, Mourão afirmou que faltou “a palavra mais correta ali”.
“É aquela história: às vezes, o presidente… lhe falta uma palavra mais correta. Talvez ele quis dizer ali que o Brasil e a Rússia têm uma relação estável, principalmente depois da queda do Muro de Berlim, a partir da dissolução da União Soviética, a partir dos Brics. Eu acho que faltou a palavra mais correta ali. Eu acho que ele não quis dizer que estava solidário à Rússia em relação à Ucrânia. Apesar de uma coisa que a gente tem que entender: que os russos estão exercendo o direito da busca do interesse nacional deles.”
Também perguntamos a Mourão se ele acredita que haverá guerra na Ucrânia. Ele defendeu que o Ocidente tenha uma atitude mais firme. Caso contrário, o vice-presidente prevê que “Putin vai entrar Ucrânia adentro e não vai dar bola para as sanções“.
“Olha, uma guerra é um caso sério ali. O problema é a resposta que o mundo ocidental vai dar, né? Se ficarem só no terreno das sanções, acho que o Putin vai entrar Ucrânia adentro e não vai dar bola para as sanções. Ele [Putin] está sob sanções desde 2014, depois que ele tomou a Crimeia. Num primeiro passo, ele pode retomar o leste ali da Ucrânia, que é uma reunião historicamente de conflito. Agora, o mundo ocidente tem que tomar uma atitude mais firme.”
Qual seria essa “atitude mais firme”?
“Na minha visão, se querem se contrapor efetivamente ao Putin, desloquem tropas para lá e botem ‘200 soldados que estão aqui nossos, agora vamos conversar’. Senão, vai ficar só o cachorro latindo do outro lado da rua. Então, tem que haver uma atitude mais rígida.”
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