A união da ousadia
Durante o ano de 2021, mantive contatos periódicos com potenciais candidatos da assim chamada terceira via. Embora não tivesse ainda me decidido a voltar ao Brasil e apresentar meu nome, sempre destaquei que, se ingressasse na política, contribuiria, em 2022, para o esforço conjunto contra a polarização eleitoral entre Lula e Bolsonaro...
Durante o ano de 2021, mantive contatos periódicos com potenciais candidatos da assim chamada terceira via. Embora não tivesse ainda me decidido a voltar ao Brasil e apresentar meu nome, sempre destaquei que, se ingressasse na política, contribuiria, em 2022, para o esforço conjunto contra a polarização eleitoral entre Lula e Bolsonaro; um o representante de um governo do passado que fracassou e o outro, do governo do presente que estava e está fracassando. Para além da insatisfação com a renovação do fracasso, preocupavam-me as credenciais autoritárias dos extremistas, especialmente ilustradas pela hostilidade à imprensa, pelo aparelhamento das instituições, pela corrupção da democracia e pelo fomento à divisão entre os brasileiros.
Persisto com o mesmo entendimento em 2022, agora já na condição de pré-candidato. A união do centro é conveniente e deveria ocorrer. Na minha opinião, o quanto antes seria melhor. É possível lutar e derrotar os extremos em voo solo, mas vale o velho ditado de que a união faz a força. Há quem entenda, porém, que essa união possa esperar momento oportuno. Não devemos, porém, nos enganar.
Os extremos contam com máquinas de propagação de mentiras e vão usá-las contra qualquer pessoa que ouse atrapalhar o desejo deles de se enfrentarem no segundo turno das eleições. No fundo, os extremos se retroalimentam, incutindo na população o medo e o ódio de um em relação ao outro. Querem condenar o Brasil a uma escolha difícil entre dois lados que fracassaram, entre duas mentiras e dois rejeitados.
Enquanto a união no mundo político demora, percebe-se a intensificação, na sociedade civil e no setor privado, do desejo de que o Brasil escape da armadilha da polarização política irracional. Ainda temos muito tempo até outubro e o jogo está apenas começando. Parafraseando um famoso presidente norte-americano, a única coisa que devemos temer é a própria resignação. Espanta-me, porém, ver o adesismo a um dos extremos por parte – minoritária, é verdade – da população e de empresas ou organizações da sociedade civil, como se o desastre fosse algo inevitável. Assusta-me ver o autoengano de alguns adesistas, com base na ilusão de que um segundo ou terceiro mandato dos extremistas possa ser melhor do que os mandatos nos quais já fracassaram. Vale novamente outro ditado popular, errar é humano, mas persistir no erro é burrice. Esse adesismo é ainda mais incompreensível diante das evidências de que nenhum dos extremistas está disposto a reconhecer os erros do passado ou do presente e de que nenhum deles tem um projeto reformista, o que é essencial para a modernização do país e a retomada do crescimento econômico sustentável.
Digamos não à resignação, ao desastre e ao adesismo. Seguiremos fazendo a nossa parte e temos certeza de que a união virá com o tempo, iniciando pela sociedade e depois com o mundo político. O que estamos precisando, no momento, além de apressar a união do centro, é de um tanto de coragem e de ousadia. A nosso favor, outro velho ditado: a sorte favorece os ousados.
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