Senadores acreditam que Anastasia no TCU pode ter sido moeda de troca para PEC dos Precatórios
Embora reconheçam o perfil técnico e o bom relacionamento de Antonio Anastasia com os colegas, senadores ouvidos por O Antagonista em reservado dizem que a aprovação do nome do mineiro para o Tribunal de Contas da União (TCU) pode ter feito parte da negociação para encontrar um desfecho para a PEC dos Precatórios...
Embora reconheçam o perfil técnico e o bom relacionamento de Antonio Anastasia com os colegas, senadores ouvidos por O Antagonista em reservado dizem que a aprovação do nome do mineiro para o Tribunal de Contas da União (TCU) pode ter feito parte da negociação para encontrar um desfecho para a PEC dos Precatórios.
A PEC em questão abre espaço fiscal no orçamento para garantir, entre outras coisas, o pagamento do Auxílio Brasil, programa assistencial que substituirá o Bolsa Família e é a principal aposta do Centrão para reeleger Jair Bolsonaro em 2022. A Câmara, como temos noticiado, tenta concluir a tramitação da proposta, após um fatiamento do texto, em manobra costurada entre Arthur Lira e Rodrigo Pacheco.
Para que Anastasia pudesse ter os 52 votos que o elevaram ao TCU, surpreendendo até aliados, senadores mais experientes acreditam que Ciro Nogueira, ministro-chefe da Casa Civil e presidente licenciado do PP, acabou atuando para garantir a eleição do nome apoiado por Pacheco, e não o de sua correligionária Kátia Abreu (que recebeu 19 votos) ou do então líder do governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho (que, com apenas sete votos, entregou a função na manhã de hoje).
Também acredita-se, nos bastidores do Senado, que, na reta final, ministros do TCU ligados a Renan Calheiros (MDB), como Bruno Dantas e Vital do Rêgo, acabaram igualmente trabalhando em prol de Anastasia. Renan foi, em tese, um dos principais cabos eleitorais de Kátia. A impressão no Senado, por exemplo, é a de que os senadores emedebistas Veneziano Vital do Rêgo e Nilda Gondim, irmão e mãe do ministro do TCU, respectivamente, votaram em Anastasia — o voto é secreto.
E por que o governo, então, não trabalhou para aprovar Bezerra, no lugar de Anastasia? Na avaliação desses senadores, o primeiro ponto seria a intenção de agradar a Pacheco, que abençoou a manobra de Lira para fatiar a PEC dos Precatórios e, dias antes, agiu para garantir a votação da indicação de André Mendonça ao STF. No lugar de Anastasia, assumirá como senador o atual diretor jurídico da Casa, Alexandre Silveira, também do PSD de Gilberto Kassab e amigo de Pacheco há mais de 20 anos, como parte de um acordo que O Antagonista revelou ainda em junho.
Sobre o não apoio do Planalto a Bezerra, fala-se também nos corredores do Senado que Jorginho Oliveira, o ex-PM amigo da família Bolsonaro que foi ministro da Secretaria-Geral da Presidência de Bolsonaro e garantiu uma vaga do TCU, havia alertado de que uma eventual aprovação da indicação do líder do governo causaria uma reação negativa ainda mais forte por parte do corpo técnico do tribunal de contas, que estaria disposto a “triturar” o senador pernambucano.
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