Famílias comem restos de carne no Rio Grande do Norte
A Folha destaca em reportagem nesta terça (7) que famílias de Senador Elói de Souza, no Rio Grande do Norte, passaram a comer restos de carne em meio à crise que assola o interior potiguar e que foi agravada pela seca e pela pandemia...
A Folha destaca em reportagem nesta terça (7) que famílias de Senador Elói de Souza, no Rio Grande do Norte, passaram a comer restos de carne em meio à crise que assola o interior potiguar e que foi agravada pela seca e pela pandemia.
Em relato ao jornal, o agricultor Adailton Oliveira, de 52 anos, diz que os R$ 170 do Bolsa Família “não dão para nada”, e que o auxílio emergencial da pandemia é passado.
“A última vez que comi carne já tem mais de um mês. Foi quando ajudei a tirar o couro de uma vaca. […] Ao invés de deixar a vaca para urubu e cachorro, a gente tem que comer. É isso porque não tem outro jeito. Sem chuva não se planta o que comer e se acabam os animais. Também não existe mais passarinho para desfrutar, e a gente não tem condição de pedir no mercado ‘bota 1 kg de carne com osso’. A gente tem que pegar os bichinhos para fazer a mistura”, conta.
Deojem Emanuel Gomes da Silva, de 57 anos, que mora perto de Adailton, diz ao jornal que não tem nada na geladeira. Também afirma que não é mais possível recorrer ao pequenos répteis, animais que por décadas fizeram parte da dieta dos mais pobres afligidos pela seca no Nordeste.
“A mistura, às vezes, é ovo. Às vezes, não tem. Nem calango, nem lagarto tijuaçu tem mais aqui. Eles migram atrás de água.” Há quem diga que os que ficam ‘são pequenos como lagartixas’.”
Mais da metade (52%) dos municípios potiguares estão em “seca grave”. A área afetada pelo problema aumentou, segundo a Agência Nacional de Águas. O Rio Grande do Norte é estado do Nordeste mais atingido pela estiagem. Além disso, a Secretaria de Estado do Trabalho, da Habitação e da Assistência Social calcula que 370 mil famílias estejam na extrema pobreza, o maior nível em uma década.
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