Quem é André Mendonça?
André Mendonça é o mais novo ministro do STF. Depois de mais de quatro meses de espera, ele foi sabatinado nesta quarta-feira na CCJ do Senado durante quase oito horas e teve o nome aprovado por 18 votos a 9...
André Mendonça é o mais novo ministro do STF. Depois de mais de quatro meses de espera, ele foi sabatinado nesta quarta-feira (1) na CCJ do Senado durante quase oito horas e teve o nome aprovado por 18 votos a 9.
No plenário, o placar foi o mais apertado entre as aprovações dos atuais ministros da Corte, 47 a 32.
Saiba tudo sobre André Mendonça:
Carreira
André Mendonça nasceu em 27 de dezembro de 1972, em Santos, no litoral de São Paulo, e foi criado na região do Vale do Ribeira. Mendonça morou em Miracatu, onde tem família até hoje.
A cidade é próxima a Eldorado Paulista, onde morou Jair Bolsonaro na infância.
O mais novo ministro do Supremo se formou em ciências jurídicas e sociais pela Instituição Toledo de Ensino, atual Centro Universitário de Bauru, em 1993.
Mendonça se especializou em Direito Público pela UnB, fez mestrado e doutorado pela Universidade de Salamanca, na Espanha. No mestrado, ele dissertou sobre corrupção e Estado de Direito e, no doutorado, sobre Estado de Direito e Governança.
Mendonça cursou teologia na Faculdade Teológica Sul-Americana, em Londrina, no Paraná, e se credenciou como pastor junto à Igreja Presbiteriana do Brasil.
O pastor atuou na advocacia até 2000, com uma passagem de três anos pela Petrobras Distribuidora. Naquele ano, ingressou na carreira de advogado da União, como procurador-seccional em Londrina. Mendonça progrediu até o posto de corregedor-geral.
Quando Dias Toffoli era advogado-geral da União, Mendonça foi nomeado diretor do Departamento de Patrimônio Público e Probidade Administrativa. Mais tarde, viria a publicar um livro em homenagem aos 10 anos de Toffoli no STF.
Governo Jair Bolsonaro
Depois de ser eleito, Jair Bolsonaro anunciou, em novembro de 2018, que André Mendonça seria o advogado-geral da União em seu governo.
No cargo, ele defendeu o presidente que fustigava as instituições.
Em abril de 2020, Mendonça foi escolhido para substituir Sergio Moro no Ministério da Justiça e Segurança Pública. O ex-juiz da Lava Jato deixou o posto denunciando a interferência do presidente na Polícia Federal.
Com Mendonça no comando da pasta, Bolsonaro finalmente conseguiu trocar o diretor-geral da PF, nomeando o amigo da família Alexandre Ramagem. Mendonça assistiu a tudo isso calado.
A escolha de Ramagem acabou sendo vetada por Alexandre de Moraes, que apontou um desvio de finalidade. Rolando Alexandre acabou sendo escolhido.
Como ministro da Justiça, Mendonça continuou a defender o presidente como podia (e também como não podia). Sob sua gestão, a pasta elaborou um dossiê sobre 579 servidores classificados como “antifascistas”, por serem críticos ao governo.
A parlamentares, Mendonça admitiu a existência do que chamou de “relatório”, mas negou qualquer irregularidade.
Em julgamento, o STF isentou o ministro de responsabilidade e proibiu a pasta de coletar informações com base em critérios políticos.
Mendonça também foi acusado de usar a Lei de Segurança Nacional para perseguir jornalistas e adversários do presidente.
Em 2021, Mendonça voltou ao posto de AGU e tentou impedir que governadores estabelecessem medidas de enfrentamento a Covid e obrigar estados a abrirem igrejas no ápice da pandemia.
Indicação
Desde que assumiu, Bolsonaro prometia indicar ao STF alguém “terrivelmente evangélico”. Entre os cotados para o posto, Mendonça sempre foi o que mais se adequava ao perfil.
Com a aposentadoria de Celso de Mello, em outubro de 2020, havia expectativa de que o pastor pudesse ser indicado, mas o presidente optou pelo “terrivelmente alinhado ao Centrão” Kassio Marques.
A escolha decepcionou a base de apoio evangélica do governo.
Apesar de ser preterido, Mendonça nunca deixou de tentar agradar a Jair Bolsonaro.
Em junho de 2021, foi a vez de Marco Aurélio Mello pendurar a toga, abrindo intensa campanha nos bastidores por sua vaga. Além de Mendonça, Augusto Aras, Humberto Martins e Jorge Oliveira eram cotados.
O presidente hesitou, mas acabou anunciando a indicação de Mendonça em julho.
O nome ficou na geladeira do presidente da CCJ, Davi Alcolumbre, durante quatro meses, até que fosse pautado. Jair Bolsonaro chegou a acusar o senador de jogar “fora das quatro linhas da Constituição”.
Demorou tanto que Mendonça fez até um implante capilar.
Sabatina
De topete, André Mendonça foi sabatinado por cerca de oito horas na CCJ do Senado. Ele fez de tudo para tentar se dissociar da imagem de Jair Bolsonaro e defendeu por diversas vezes o estado laico.
O novo ministro negou que tenha usado a Lei de Segurança Nacional politicamente, para perseguir adversários e disse que não se pode “criminalizar a política”, procurando marcar distância da Lava Jato.
Os comentários não representam a opinião do site; a responsabilidade pelo conteúdo postado é do autor da mensagem.
Comentários (0)