A imparcialidade em tempos de Sergio Moro A imparcialidade em tempos de Sergio Moro
O Antagonista

A imparcialidade em tempos de Sergio Moro

avatar
Mario Sabino
3 minutos de leitura 30.11.2021 12:00 comentários
Opinião

A imparcialidade em tempos de Sergio Moro

Depois da entrevista de Sergio Moro (foto) a William Waack, na CNN Brasil, houve uma rodada de análise com jornalistas. Uma das participantes deu de barato, como se fosse assunto liquidado, que a Lava Jato havia sido uma operação inteiramente política -- no que foi rebatida por outro jornalista. A rodada terminou ali, sem discussão, talvez mesmo por falta de tempo...

avatar
Mario Sabino
3 minutos de leitura 30.11.2021 12:00 comentários 0
A imparcialidade em tempos de Sergio Moro
Foto: Adriano Machado/Crusoé

Depois da entrevista de Sergio Moro (foto) a William Waack, na CNN Brasil, houve uma rodada de análise com jornalistas. Uma das participantes deu de barato, como se fosse assunto liquidado, que a Lava Jato havia sido uma operação inteiramente política — no que foi rebatida por outro jornalista. A rodada de análise terminou ali, sem discussão, talvez mesmo por falta de tempo.

Com a maior visibilidade do ex-juiz e ex-ministro da Justiça e Segurança Pública, ele também se tornou assunto de programas da GloboNews. Num deles, um sociólogo que virou jornalista político afirmou que, se João Doria e Sergio Moro fizerem aliança, o governador terá de abraçar a ideia de que não houve “conluio” entre o ex-juiz e os então procuradores da Lava Jato — como se conluio houvesse existido e ponto final.

Usei os dois casos apenas para ilustrar um fenômeno abundante e condenável. Acho muito mais honesto quem ataca Sergio Moro frontalmente, ainda que com argumentos desonestos, sem esconder o lado. Assim como também quem defende com muito entusiasmo o ex-juiz, sem mascarar a sua simpatia. Fica tudo mais claro para o leitor ou o espectador, como deve ser.

O que é inconcebível é contrabandear, como análise objetiva, a sua própria parcialidade. É usar a verdade para dizer meias verdades ou até mesmo mentiras (aspecto pernicioso, aliás, que também afeta certo colunismo noticioso, mas não adentrarei o assunto). Exemplifico, se ainda não deixei claro: o STF, sob a batuta de Gilmar Mendes, julgou Sergio Moro parcial nos processos envolvendo Lula e anulou as condenações do chefe petista. Esse é um fato objetivo. Mas também é um fato objetivo e sobejamente divulgado que o tribunal foi movido por razões políticas para fazê-lo e que as mensagens roubadas de Deltan Dallagnol, usadas como “reforço argumentativo” para a anulação, foram objeto de interpretações bastante questionáveis. Por que só citar o primeiro fato, como se o STF fosse uma corte impermeável a conveniências de integrantes seus, e omitir o segundo? Porque se tem lado e não se quer mostrar qual é ele, para que se pareça imparcial.

É possível fazer análises objetivas quando se tem lado, mas o primeiro passo para isso é reconhecer a própria parcialidade. Talvez esse seja o máximo de imparcialidade que um jornalista honesto pode alcançar nesse campo. Recomendo.

Brasil

Mendonça prorroga prazo sobre acordos de leniência da Lava Jato

27.04.2024 13:44 2 minutos de leitura
Visualizar

Onde assistir Botafogo x Atlético-MG: confira detalhes do Campeonato Feminino

Visualizar

Influencer do TikTok é brutalmente assassinada em Bagdá

Visualizar

Conheça os goleiros mais bem pagos do futebol mundial

Visualizar

Republic First é o primeiro banco a falir nos EUA em 2024

Visualizar

Paulo André, diretor de futebol do Cruzeiro, negocia renovação de Matheus Pereira

Visualizar

Tags relacionadas

artigo CNN Brasil eleição de 2022 GloboNews jornalismo Mario Sabino O Antagonista Sergio Moro William Waack
< Notícia Anterior

"Quero construir uma chapa para ganhar as eleições", diz Lula, sobre Alckmin

30.11.2021 00:00 4 minutos de leitura
Próxima notícia >

Campos Neto diz que BC revisará para baixo projeção de crescimento para 2022

30.11.2021 00:00 4 minutos de leitura
avatar

Mario Sabino

Mario Sabino é jornalista, escritor e sócio-fundador de O Antagonista. Escreve sobre política e cultura. Foi redator-chefe da revista Veja.

Suas redes

Os comentários não representam a opinião do site; a responsabilidade pelo conteúdo postado é do autor da mensagem.

Comentários (0)

Torne-se um assinante para comentar

Notícias relacionadas

Felipe Neto, o Excrementíssimo e a liberdade de expressão

Felipe Neto, o Excrementíssimo e a liberdade de expressão

Madeleine Lacsko
26.04.2024 17:10 3 minutos de leitura
Visualizar notícia
Josias Teófilo na Crusoé: Duas faces do Brasil

Josias Teófilo na Crusoé: Duas faces do Brasil

26.04.2024 15:59 2 minutos de leitura
Visualizar notícia
Jerônimo Teixeira na Crusoé: Alex Jones e os limites da liberdade

Jerônimo Teixeira na Crusoé: Alex Jones e os limites da liberdade

26.04.2024 15:50 2 minutos de leitura
Visualizar notícia
Leonardo Barreto na Crusoé: Descuido com o fiscal indica que Lula não pensa na reeleição?

Leonardo Barreto na Crusoé: Descuido com o fiscal indica que Lula não pensa na reeleição?

26.04.2024 13:01 2 minutos de leitura
Visualizar notícia

Seja nosso assinante

E tenha acesso exclusivo aos nossos conteúdos

Apoie o jornalismo independente. Assine O Antagonista e a Revista Crusoé.