Moro e a política
No seu discurso de filiação ao Podemos, na quinta-feira, Sergio Moro usou a certa altura a expressão "nós, os políticos". Foi um sinal positivo, de que ele não pretende usar o discurso de demonização da política que Bolsonaro empregou para se eleger. Já sabemos que disso não resultou um governo conduzido por anjos e sábios, mas sim uma presidência encabrestada pelo Centrão...
No seu discurso de filiação ao Podemos, na quinta-feira, Sergio Moro usou a certa altura a expressão “nós, os políticos”.
Foi um sinal positivo, de que ele não pretende usar o discurso de demonização da política que Bolsonaro empregou para se eleger. Já sabemos que disso não resultou um governo conduzido por anjos e sábios, mas sim uma presidência encabrestada pelo Centrão.
Acreditar que política é apenas sobre promover o bem comum é ingenuidade. Só leva ao desapontamentos. Política também é sobre poder e interesses. Sendo esse o jogo, há duas formas de jogá-lo: fazer alianças durante a campanha, proporcionando espaços no governo aos aliados, ou comprar apoio do jeito que for possível mais tarde.
A primeira forma é legítima. A segunda é o Brasil das emendas secretas.
Se a intenção de levar a sério a política é para valer, Moro não deve deixá-la restrita às palavras. Nem deve delegar inteiramente à presidente do Podemos, Renata Abreu, ou a figuras experientes como o senador Álvaro Dias, a tarefa de trabalhar por alianças que o ajudem a governar, caso seja eleito.
Uma boa parte dos políticos que estão em Brasília o odeia. Nem todos. Pouco antes de sua filiação, Renata Abreu se encontrou com lideranças de partidos como DEM e MDB em Brasília para falar de Moro. Encontrou muito ceticismo, mas não rejeição a priori.
Só o próprio candidato Moro pode fazer algo a respeito disso. Terá de fazê-lo, se estiver decidido a implementar políticas e não apenas ganhar eleições.
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