Paulo Guedes, o tesoureiro de campanha de Jair Bolsonaro; Confira Paulo Guedes, o tesoureiro de campanha de Jair Bolsonaro; Confira
O Antagonista

Paulo Guedes, o tesoureiro de campanha de Jair Bolsonaro

avatar
Redação O Antagonista
6 minutos de leitura 27.12.2021 15:00 comentários
Brasil

Paulo Guedes, o tesoureiro de campanha de Jair Bolsonaro

Em 2021, Paulo Guedes se consolidou como o tesoureiro de campanha de Jair Bolsonaro. Tesoureiro informal, mas quem precisa de formalidade, não é mesmo? O ministro da Economia abandonou de vez sua fantasia de liberal, para atender aos interesses eleitoreiros de um presidente que derretia nas pesquisas. O ano começou com uma disputa crucial para Guedes. Seu maior adversário no Legislativo, Rodrigo Maia, presidente da Câmara, tentava emplacar um sucessor, enquanto o governo fazia de tudo -- de tudo mesmo -- pelo nome do cacique do Centrão Arthur Lira...

avatar
Redação O Antagonista
6 minutos de leitura 27.12.2021 15:00 comentários 0
Paulo Guedes, o tesoureiro de campanha de Jair Bolsonaro
Foto: Adriano Machado/Flickr

Em 2021, Paulo Guedes se consolidou como o tesoureiro de campanha de Jair Bolsonaro. Tesoureiro informal, mas quem precisa de formalidade, não é mesmo? O ministro da Economia abandonou de vez sua fantasia de liberal, para atender aos interesses eleitoreiros de um presidente que derretia nas pesquisas.

O ano começou com uma disputa crucial para Guedes. Seu maior adversário no Legislativo, Rodrigo Maia, presidente da Câmara, tentava emplacar um sucessor, enquanto o governo fazia de tudo — de tudo mesmo — pelo nome do cacique do Centrão Arthur Lira.

O ministro da Economia atribuía a Maia o fracasso de sua agenda econômica e fez campanha para o deputado do PP sem qualquer pudor. Em fevereiro, a vitória de Lira representou a promessa de que as reformas econômicas seriam aprovadas.

Em um primeiro momento, pautas importantes realmente passaram, como a autonomia do Banco Central e o novo marco legal do gás.  No entanto, o impasse sobre as reformas econômicas continuou, sobretudo em relação à reforma tributária e à reforma administrativa.

Com a pandemia ceifando vidas na proporção de 4 mil por dia, número assustador atingido em abril, o Ministério da Economia concordou com a volta do pagamento do auxílio emergencial, que havia terminado em janeiro, mas com um valor mais baixo.

A irrealidade dos prognósticos de Guedes para a economia brasileira ficaram mais evidentes quando a inflação saiu de controle, por causa do dólar alto e do aumento do preço dos combustíveis, principalmente. Além disso, o Banco Central segurou a taxa básica de juros, a fim de estimular o consumo. Para economistas ouvidos por O Antagonista, a prática, aliada à desvalorização cambial, contribuiu para a alta da inflação. Na tentativa de se eximir de qualquer responsabilidade, Jair Bolsonaro culpou os governadores, afirmando que o fenômeno era consequência das medidas restritivas.

O ministro da Economia, por sua vez, negou comicamente que os preços estavam fora de controle e se disse vítima de uma caçada midiática. Em mais uma declaração infeliz, para dizer o mínimo, Guedes associou o tamanho do prato da classe média à fome e sugeriu que os brasileiros se alimentassem das sobras de comida.

Em junho, com mais uma prorrogação do auxílio emergencial, o governo voltou a trabalhar em torno da hipótese de tornar o benefício permanente, com a reformulação do Bolsa Família. O novo programa teria o nome de Auxílio Brasil.

A equipe econômica de Paulo Guedes passou a buscar caminhos para bancar os pagamentos dos novo benefício, que atenderia a mais famílias do que o Bolsa Família. As alternativas encontradas foram uma PEC para dar um calote nos precatórios e a aprovação de uma reforma no Imposto de Renda, como parte da reforma tributária que ficou travada.

Apesar de uma enxurrada de críticas, a reforma do IR foi aprovada na Câmara em setembro. O texto prevê o aumento da faixa de isenção para pessoas físicas para R$ 2,5 mil e a tributação de lucros e dividendos. A proposta, no entanto, não andou no Senado. O presidente da Casa, Rodrigo Pacheco, disse que usar a tributação de dividendos para bancar o novo Bolsa Família seria uma medida politiqueira.

Diante disso, a equipe econômica envidou todos os seus esforços para o calote nos precatórios.

Não bastasse esse cipoal de problemas, a imprensa divulgou os Pandora Papers, uma lista de autoridades de diversos países que tinham empresas em paraísos fiscais. Entre elas, estava Paulo Guedes, ligado à Dreadnoughts International Group Limited. O episódio levantou suspeitas de que o ministro tivesse atuado para beneficiar a empresa.

Como O Antagonista mostrou, Guedes deixou o cargo de diretor da companhia em dezembro de 2018, antes de assumir. O ministro negou qualquer irregularidade.

Depois de muito vaivém, o governo finalmente apresentou a sua proposta de gambiarra no teto de gastos para bancar o Auxílio Brasil, por meio do calote nos precatórios. A ideia seria garantir um espaço fiscal de R$ 83 bilhões, dos quais R$ 44 bilhões viriam do calote. O novo benefício seria de R$ 400.

O anúncio da orgia fiscal fez com que quatro secretários do Ministério da Economia pedissem demissão. Passou-se a especular até que Guedes pudesse deixar o governo.

Foi quando veio à tona mais um escândalo. Foi divulgado o áudio de uma reunião do banqueiro André Esteves, em que ele se jacta para a plateia da sua influência sobre Paulo Guedes, o Banco Central, o Congresso e até sobre o Supremo.

Ele afirma que foi o responsável por sugerir o fatiamento da reforma tributária, começando pela reforma do IR e pela tributação de dividendos. O banqueiro diz ainda que deu pitacos sobre qual deveria ser o reajuste na taxa de juros. Na gravação, Esteves fez uma defesa enfática de Guedes, que, segundo ele, apanha todos os dias.

Em novembro, a Câmara aprovou a PEC dos Precatórios em primeiro turno. A votação contou com a liberação de uma série de emendas para comprar o apoio dos parlamentares. Celso Maldaner, do MDB, disse ter ouvido sobre uma oferta de R$ 15 milhões por deputado.

Dias depois, a ministra do STF Rosa Weber suspendeu integralmente a execução das emendas do orçamento secreto — as emendas de relator que passaram a servir para o governo transferir centenas de milhões de reais a parlamentares que votavam com ele. A ministra afirmou que o modelo de liberação de verba não era transparente. A decisão foi confirmada no plenário. Rodrigo Pacheco e Arthur Lira agiram, então, para tornar transparente o futuro, não o passado. Em dezembro, Rosa Weber deu-se por satisfeita e autorizou a volta do pagamento das emendas de relator, que constituem o coração do orçamento secreto.

O ano termina com a PEC dos Precatórios aprovada no Senado, mas com modificações no texto que a fatia e, por isso, obrigam que ela seja outra vez votada na Câmara. O tesoureiro de Jair Bolsonaro precisa logo da bufunfa, porque o homem continua derretido nas pesquisas eleitorais.

  • Mais lidas
  • Mais comentadas
  • Últimas notícias
1

Ellen DeGeneres deixa EUA após escândalos e reeleição de Trump

Visualizar notícia
2

"Sua hora vai chegar", diz Bretas a Paes

Visualizar notícia
3

Como Cid convenceu Moraes?

Visualizar notícia
4

Por que Luiz Eduardo Ramos ficou de fora da trama golpista?

Visualizar notícia
5

Crusoé: Cerco a Bolsonaro

Visualizar notícia
6

PF indiciou padre em caso de golpismo

Visualizar notícia
7

22 de novembro é feriado? Saiba onde!

Visualizar notícia
8

Microsoft pede a Trump endurecimento contra hackers russos e chineses

Visualizar notícia
9

"Ultrajante", diz Biden sobre mandado de prisão para Netanyahu

Visualizar notícia
10

E agora, Bolsonaro? As cenas dos próximos capítulos

Visualizar notícia
1

‘Queimadas do amor’: Toffoli é internado com inflamação no pulmão

Visualizar notícia
2

Sim, Dino assumiu a presidência

Visualizar notícia
3

O pedido de desculpas de Pablo Marçal a Tabata Amaral

Visualizar notícia
4

"Só falta ocuparem nossos gabinetes", diz senador sobre ministros do Supremo

Visualizar notícia
5

Explosões em dispositivos eletrônicos ferem mais de 2.500 no Líbano

Visualizar notícia
6

Datena a Marçal: “Eu não bato em covarde duas vezes”; haja testosterona

Visualizar notícia
7

Governo prepara anúncio de medidas para conter queimadas

Visualizar notícia
8

Crusoé: Missão da ONU conclui que Maduro adotou repressão "sem precedentes"

Visualizar notícia
9

Cadeirada de Datena representa ápice da baixaria nos debates em São Paulo

Visualizar notícia
10

Deputado apresenta PL Pablo Marçal, para conter agressões em debates

Visualizar notícia
1

STF quer julgar Bolsonaro antes do período eleitoral de 2026

Visualizar notícia
2

Comunicado importante (22/11) para quem inclui CPF na nota fiscal. Veja suas vantagens

Visualizar notícia
3

Moro defende Bretas contra Paes: “Delinquentes são seus amigos”

Visualizar notícia
4

Damares pede informações sobre "reunião secreta" de Lula com ministros do STF

Visualizar notícia
5

E agora, Bolsonaro? As cenas dos próximos capítulos

Visualizar notícia
6

Golpes na Black Friday (21/11): Descubra como se prevenir e ter mais segurança

Visualizar notícia
7

Meio-Dia em Brasília: Jair Bolsonaro, mais uma vez indiciado

Visualizar notícia
8

Trump vai rever políticas trans em segundo mandato

Visualizar notícia
9

Kremlin garante que EUA entenderam a mensagem de Putin

Visualizar notícia
10

Concurso PM (22/11): 2.700 vagas com remuneração de até R$ 4.852,21! Veja como se inscrever

Visualizar notícia

Assine nossa newsletter

Inscreva-se e receba o conteúdo do O Antagonista em primeira mão!

Tags relacionadas

Auxilio Brasil auxílio emergencial Bolsa Família ministro da Economia orçamento secreto Paulo Guedes precatórios retrospectiva Retrospectiva 2021
< Notícia Anterior

Positivo Tecnologia é confirmada como fornecedora de urnas para eleições do ano que vem

27.12.2021 00:00 4 minutos de leitura
Próxima notícia >

Pazuello segue internado; quadro é estável, diz hospital

27.12.2021 00:00 4 minutos de leitura
avatar

Redação O Antagonista

O Antagonista é um dos principais sites jornalísticos de informação e análise sobre política do Brasil. Sua equipe é composta por jornalistas profissionais, empenhados na divulgação de fatos de interesse público devidamente verificados e no combate às fake news.

Suas redes

Os comentários não representam a opinião do site; a responsabilidade pelo conteúdo postado é do autor da mensagem.

Comentários (0)

Torne-se um assinante para comentar

Notícias relacionadas

STF quer julgar Bolsonaro antes do período eleitoral de 2026

STF quer julgar Bolsonaro antes do período eleitoral de 2026

Wilson Lima Visualizar notícia
Comunicado importante (22/11) para quem inclui CPF na nota fiscal. Veja suas vantagens

Comunicado importante (22/11) para quem inclui CPF na nota fiscal. Veja suas vantagens

Visualizar notícia
Moro defende Bretas contra Paes: “Delinquentes são seus amigos”

Moro defende Bretas contra Paes: “Delinquentes são seus amigos”

Visualizar notícia
Carro colide com muro de cemitério em MT

Carro colide com muro de cemitério em MT

Visualizar notícia
Icone casa

Seja nosso assinante

E tenha acesso exclusivo aos nossos conteúdos

Apoie o jornalismo independente. Assine O Antagonista e a Revista Crusoé.