"Mais uma do Ricardo Barros"; Entenda Tudo Aqui "Mais uma do Ricardo Barros"; Entenda Tudo Aqui
O Antagonista

“Mais uma do Ricardo Barros”

avatar
Redação O Antagonista
5 minutos de leitura 24.12.2021 08:00 comentários
Brasil

“Mais uma do Ricardo Barros”

Em 2021, o líder de Jair Bolsonaro na Câmara, Ricardo Barros, viu-se no centro de suspeitas de corrupção -- e com a inestimável ajuda do presidente da República. Em meio ao atraso da vacinação contra a Covid, em janeiro, Jair Bolsonaro e seus ministros apresentaram a MP das Vacinas, que buscava facilitar a importação de imunizantes. O texto estabelecia que a Anvisa deveria conceder autorização emergencial às vacinas aprovadas pelas agências reguladoras de Estados Unidos, União Europeia, Reino Unido, Japão e China...

avatar
Redação O Antagonista
5 minutos de leitura 24.12.2021 08:00 comentários 0
“Mais uma do Ricardo Barros”
Foto: Alan Santos/PR

Em 2021, o líder de Jair Bolsonaro na Câmara, Ricardo Barros, viu-se no centro de suspeitas de corrupção — e com a inestimável ajuda do presidente da República.

Em meio ao atraso da vacinação contra a Covid, em janeiro, Jair Bolsonaro e seus ministros apresentaram a MP das Vacinas, que buscava facilitar a importação de imunizantes. O texto estabelecia que a Anvisa deveria conceder autorização emergencial às vacinas aprovadas pelas agências reguladoras de Estados Unidos, União Europeia, Reino Unido, Japão e China.

Ricardo Barros, sempre muito voluntarioso, apresentou uma emenda à proposta, em fevereiro, para incluir a agência da Índia no rol de autoridades sanitárias que serviriam como base para a aprovação de imunizantes pela Anvisa.

“A mudança ao texto] se justifica pelo fato de a Índia ser uma das maiores produtoras de insumos de medicamentos e vacinas no mundo, afirmou o parlamentar, na justificativa da emenda. Mais tarde, as investigações feitas no âmbito da CPI da Covid sugeriram que o líder do governo tinha outras intenções.

O trecho acrescentado por Barros facilitou as negociações para a compra da vacina Covaxin, produzida pelo laboratório indiano Bharat Biotech. O governo brasileiro assinou o contrato para a compra do imunizante em 25 de fevereiro, com a empresa brasileira Precisa Medicamentos, antes de fechar com a Pfizer e com a Janssen.

Nos meses subsequentes, a CPI da Covid passou a investigar os crimes cometidos pelo Executivo federal durante a pandemia — e os senadores, ao examinarem a recusa inicial do governo em comprar vacinas, passaram a levantar suspeitas sobre o acordo para a compra da Covaxin.

Nesse contexto, O Antagonista revelou com exclusividade, em junho, que o deputado Luis Miranda, juntamente com o seu irmão, funcionário do Ministério da Saúde, alertou Jair Bolsonaro, em março, sobre irregularidades no contrato. Entre elas, a previsão do pagamento adiantado de US$ 45 milhões a uma offshore em Singapura.

Diante da denúncia, Miranda foi convocado para falar à CPI. Em depoimento, ele reiterou as acusações e, depois de ser pressionado pelos senadores, acabou admitindo que Bolsonaro citou Barros ao ser alertado sobre o esquema.

Segundo o deputado, o presidente, assim que tomou conhecimento das irregularidades envolvendo a Covaxin, teria dito: “Mais uma do Ricardo Barros”.

No dia seguinte, em entrevista a O Antagonista, Miranda insinuou que poderia ter gravado a conversa que teve com Bolsonaro em março. A dúvida permanece, apesar das idas e vindas do deputado — e o fato é que, em nenhum momento, o presidente rebateu a história de Miranda ou saiu em defesa do líder de seu governo.

A Crusoé revelou na sequência que Miranda teria recebido ofertas de propina de um lobista para não delatar o esquema. Uma delas teria sido ocorrido à saída de uma reunião com a presença de Barros.

A CPI se aprofundou nas relações entre as empresas envolvidas na compra da Covaxin e o líder do governo. A Precisa Medicamentos é sócia da Global Gestão em Saúde, investigada por contratos firmados com o Ministério da Saúde quando a pasta era comandada por Barros.

Um deles, firmado em 2017, envolvia o pagamento antecipado de R$ 19,9 milhões para a compra de medicamentos que nunca foram entregues. O deputado chegou a ser alvo de uma ação por improbidade pelo caso.

A comissão também apurou a relação de Barros com a Fib Bank, empresa que se passou por banco para oferecer garantia fidejussória para o contrato entre a Precisa e o Ministério da Saúde.

Marcos Tolentino, apontado como sócio oculto da Fib Bank, é amigo pessoal de Barros. O empresário, que também atua no ramo das telecomunicações, já recorreu ao parlamentar para conseguir uma agenda na Secretaria de Radiodifusões do Ministério das Comunicações.

O líder do governo insistiu durante semanas para depor logo, recorrendo ao STF várias vezes. A oitiva, no entanto, ficou para depois do recesso parlamentar. Em 12 de agosto, Barros foi ao Senado para dar o seu show.

O deputado negou qualquer relação com a Precisa Medicamentos, acusou Miranda de fazer “teatro” e provocou a ira dos senadores ao dizer que a CPI estava afastando do Brasil vendedores de imunizantes.

Fuzuê armado, a sessão precisou ser suspensa. A cúpula da comissão pretendia marcar um novo depoimento, mas desistiu da ideia por entender que ele não levaria a lugar nenhum e que as acusações já estavam consolidadas.

Enquanto a CPI e a PF avançavam nas investigações, Barros não deixou de acompanhar Jair Bolsonaro em suas agendas, participando inclusive de motociatas.

Em outubro, o relator da comissão, Renan Calheiros, reservou um capítulo especial de seu parecer final ao líder do governo. Antes mesmo que ele fosse divulgado oficialmente, “vazamentos” (Renan não teve nada a ver com isso, viu?) mostraram que o senador pediria o indiciamento do colega por advocacia administrativa e improbidade.

Sem medo de ser feliz, Barros disse que o PGR, Augusto Aras, iria simplesmente engavetar todo o relatório.

Assim que o documento foi divulgado, o deputado apresentou uma notícia-crime contra Renan por denunciação caluniosa.

  • Mais lidas
  • Mais comentadas
  • Últimas notícias
1

Ellen DeGeneres deixa EUA após escândalos e reeleição de Trump

Visualizar notícia
2

"Sua hora vai chegar", diz Bretas a Paes

Visualizar notícia
3

Como Cid convenceu Moraes?

Visualizar notícia
4

Por que Luiz Eduardo Ramos ficou de fora da trama golpista?

Visualizar notícia
5

Crusoé: Cerco a Bolsonaro

Visualizar notícia
6

PF indiciou padre em caso de golpismo

Visualizar notícia
7

22 de novembro é feriado? Saiba onde!

Visualizar notícia
8

Microsoft pede a Trump endurecimento contra hackers russos e chineses

Visualizar notícia
9

"Ultrajante", diz Biden sobre mandado de prisão para Netanyahu

Visualizar notícia
10

Calendário PIS 2025 (22/11): Saiba os valores e como receber

Visualizar notícia
1

‘Queimadas do amor’: Toffoli é internado com inflamação no pulmão

Visualizar notícia
2

Sim, Dino assumiu a presidência

Visualizar notícia
3

O pedido de desculpas de Pablo Marçal a Tabata Amaral

Visualizar notícia
4

"Só falta ocuparem nossos gabinetes", diz senador sobre ministros do Supremo

Visualizar notícia
5

Explosões em dispositivos eletrônicos ferem mais de 2.500 no Líbano

Visualizar notícia
6

Datena a Marçal: “Eu não bato em covarde duas vezes”; haja testosterona

Visualizar notícia
7

Governo prepara anúncio de medidas para conter queimadas

Visualizar notícia
8

Crusoé: Missão da ONU conclui que Maduro adotou repressão "sem precedentes"

Visualizar notícia
9

Cadeirada de Datena representa ápice da baixaria nos debates em São Paulo

Visualizar notícia
10

Deputado apresenta PL Pablo Marçal, para conter agressões em debates

Visualizar notícia
1

Golpes na Black Friday (21/11): Descubra como se prevenir e ter mais segurança

Visualizar notícia
2

Meio-Dia em Brasília: Jair Bolsonaro, mais uma vez indiciado

Visualizar notícia
3

Trump vai rever políticas trans em segundo mandato

Visualizar notícia
4

Kremlin garante que EUA entenderam a mensagem de Putin

Visualizar notícia
5

Concurso PM (22/11): 2.700 vagas com remuneração de até R$ 4.852,21! Veja como se inscrever

Visualizar notícia
6

Crusoé: Contra Israel, PT volta a gostar do TPI. Só não fale de Putin

Visualizar notícia
7

Crusoé: Ameaça nuclear de Putin e o sentido da política para o Ocidente

Visualizar notícia
8

Crusoé: Utopia tributária

Visualizar notícia
9

Como Cid convenceu Moraes?

Visualizar notícia
10

Auxílio gás (22/11) R$ 100. Saiba como receber pelo Caixa Tem

Visualizar notícia

Assine nossa newsletter

Inscreva-se e receba o conteúdo do O Antagonista em primeira mão!

Tags relacionadas

Bharat Biotech corrupção Covaxin Global Gestão em Saúde irmãos Miranda lider do governo Marcos Tolentino Precisa Medicamentos retrospectiva Retrospectiva 2021 Ricardo Barros vacinas
< Notícia Anterior

Rodrigo Garcia aposta em Datena para se tornar conhecido

24.12.2021 00:00 4 minutos de leitura
Próxima notícia >

Associação de juízes critica aprovação do Orçamento com reajuste para policiais

24.12.2021 00:00 4 minutos de leitura
avatar

Redação O Antagonista

O Antagonista é um dos principais sites jornalísticos de informação e análise sobre política do Brasil. Sua equipe é composta por jornalistas profissionais, empenhados na divulgação de fatos de interesse público devidamente verificados e no combate às fake news.

Suas redes

Os comentários não representam a opinião do site; a responsabilidade pelo conteúdo postado é do autor da mensagem.

Comentários (0)

Torne-se um assinante para comentar

Notícias relacionadas

Golpes na Black Friday (21/11): Descubra como se prevenir e ter mais segurança

Golpes na Black Friday (21/11): Descubra como se prevenir e ter mais segurança

Visualizar notícia
Concurso PM (22/11): 2.700 vagas com remuneração de até R$ 4.852,21! Veja como se inscrever

Concurso PM (22/11): 2.700 vagas com remuneração de até R$ 4.852,21! Veja como se inscrever

Visualizar notícia
Como Cid convenceu Moraes?

Como Cid convenceu Moraes?

Visualizar notícia
Auxílio gás (22/11) R$ 100. Saiba como receber pelo Caixa Tem

Auxílio gás (22/11) R$ 100. Saiba como receber pelo Caixa Tem

Visualizar notícia
Icone casa

Seja nosso assinante

E tenha acesso exclusivo aos nossos conteúdos

Apoie o jornalismo independente. Assine O Antagonista e a Revista Crusoé.