Bozzella diz que fusão entre PSL e DEM vai alavancar candidatura da terceira via
O vice-presidente do PSL, Júnior Bozzella, afirmou em entrevista a O Antagonista que a fusão com o DEM deve ser o principal fato político antes das eleições do ano que vem. Na visão dele, o novo partido chega com capacidade de influenciar de forma decisiva...
O vice-presidente do PSL, Júnior Bozzella, afirmou em entrevista a O Antagonista que a fusão com o DEM deve ser o principal fato político antes das eleições do ano que vem. Na visão do deputado federal, o novo partido chega com capacidade de influenciar de forma decisiva uma candidatura presidencial da terceira via.
“Acho que isso pode alavancar um projeto de candidatura do polo democrático, da atual terceira via, que todo mundo tanto tem clamado”, disse o vice-presidente do PSL.
Para ele, ainda é cedo para se falar em nomes para disputar uma candidatura presidencial pelo União Brasil, partido que surgirá da fusão das duas siglas.
“A nossa única certeza, neste momento, é que se a fusão realmente acontecer, nós vamos ter um alicerce muito consistente para poder catapultar esse possível nome da terceira via.”
Leia os principais trechos da entrevista:
Deputado, o senhor acredita que o processo de fusão entre DEM e PSL deve ser concluído quando? E a partir da convenção nacional, quais serão os próximos passos?
Está marcada a nossa convenção nacional para o dia 6 [de outubro]. Depois disso, entram os prazos documentais. Eu acho que até novembro esse processo pode ser concluído. Caso contrário, se ocorrer alguma intercorrência, aí fica para fevereiro.
Essa fusão é de fato interessante para as duas legendas na sua visão?
Do ponto de vista político, estratégico e eleitoral, em um cenário polarizado, esse para projeto é interessante. Eu estava circulando nos últimos meses pelo país, andando por Rondônia, Acre, Pará, Paraná, Tocantins e, nós do PSL, estávamos com o planejamento muito bem adiantado. Tínhamos a certeza de que faríamos ao menos um deputado por estado. Em outros locais, como São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Paraná faríamos dois, três ou quatro parlamentares. Sem dúvida, nós não teríamos dificuldade de fazer de trinta a quarenta deputados federais em 2022, até pelo ativo político que o partido já possui.
Se o partido estava tão bem, por que fazer a fusão?
Então, isso tudo estava funcionando muito bem. Agora, eleitoralmente, para 2022, dentro de uma polarização, quando você faz uma fusão, você junta lá o DEM com o PSL, incorpora o DEM no PSL, você passa a ter um fato político. Na minha concepção, vai ser o fato político mais relevante dessa eleição, até porque não vai dar tempo para surgir nenhuma outra união dessa magnitude. Acho que isso pode alavancar um projeto de candidatura do polo democrático, da atual terceira via, que todo mundo tanto tem clamado. É uma contribuição neste momento em que as instituições estão ameaçadas e a sociedade está com o ânimo acirrado.
Eu faço esses dois paralelos: do ponto de vista político-partidário, a gente vinha bem, sem problema nenhum e não teria maiores dificuldades para se manter a bancada. Por isso, se dependesse exclusivamente de mim, talvez não optasse por essa fusão. Agora, pensando em um projeto de país e de desprendimento junto à sociedade, a gente agora tem que caminhar e demonstrar, na prática, que realmente vai ser uma alternativa, uma opção para 2022.
Quando o senhor fala de terceira via, o DEM já tem em seus quadros potenciais candidatos: o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (MG) e o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta (MS). Na sua avaliação, qual seria o melhor nome?
Eu acho que mais do que nomes, deve ser priorizado um sentimento coletivo. Essa não é uma decisão individual. Em 2018, a gente viveu uma experiência que ninguém imaginava. Antes da campanha, todo mundo falava que o Bolsonaro era um ‘mico’, não um ‘mito’. Que ele não chegaria a lugar nenhum, mas você tinha uma parcela da sociedade que estava com ojeriza da política, quer queria alguém com o discurso que pudesse combater tudo de errado que estava estabelecido na agenda política do país. Quem era contra o sistema? Quem ia vencer o establishment? Quem ia vencer o ‘toma lá dá cá’? E a população acabou enxergando isso em Bolsonaro. Lógico que teve ali os componentes da facada, você teve alguns ingredientes, mas ele foi o grande catalizador do discurso.
Agora, em 2022, temos um outro norte? A população não quer extremos. Então, quem que vai ser o nome que vai surgir e vai conseguir atingir esse desejo da sociedade. Hoje, eu não tenho essa bola de cristal. A gente tem o Mandetta, o Pacheco e o Datena que são os presidenciáveis que tem se colocado nessa posição.
Já é possível se apontar um eventual candidato?
Em escala de pretensão, na minha opinião, o Mandetta é o que mais se apresenta. Depois, o Datena, que já está filiado e teve a palavra do PSL de ser o candidato a presidente antes da fusão. Mesmo com a união, temos colocado o Datena como o possível candidato. Ainda temos o Pacheco, que está filiado ainda ao partido, mas ele não tomou uma decisão de ir ou não para o PSD. Agora, se vai aparecer uma quarta, uma quinta, uma sexta, uma sétima opção dentro dessa nova legenda, ou que venha alguém de fora para dentro, com o partido indicando o vice, só o tempo vai dizer.
Eu acho que ainda tem ‘muita água pra passar por debaixo dessa ponte’. A nossa única certeza, neste momento, é que se a fusão realmente acontecer, vamos ter um alicerce muito consistente para poder catapultar esse possível nome da terceira via.
E sobre os deputados mais radicais do PSL? Como eles serão tratados na nova sigla? Eles ficam? Ganham uma ‘carta de alforria’?
Ao longo dos últimos três anos, eles disseram que seria uma honra deixar o partido. Eles sempre jogaram contra o patrimônio partidário deles. Sempre depreciaram o partido e os dirigentes: o presidente Luciano Bivar, a mim e todos nós que fomos vítimas das milícias digitais. Agora, o tempo mostrou quem mais perdeu com essa confusão. Até hoje, o presidente da República não encontrou o seu partido. E o PSL está aí, firme, forte, de pé, sobrevivendo e mantendo as suas convicções.
Agora, se o presidente for para outro partido e a nossa sigla estiver nessa posição do polo democrático, é óbvio que não vai ter ambiente para esse pessoal, que é mais radical e que passou aí os últimos três anos denegrindo a imagem do partido que lhe deu abrigo, ficar.
É legítimo que eles deixem a legenda e sigam o caminho que eles acreditam, que é a proposta mais radicalizada, mais extremada de Jair Bolsonaro.
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