Luis Gustavo teve papel fundamental na modernização da TV
A história da dramaturgia brasileira está diretamente relacionada à trajetória de Luis Gustavo, brilhante ator que nos deixou hoje, aos 87 anos...
A história da dramaturgia brasileira está diretamente relacionada à trajetória de Luis Gustavo, brilhante ator que nos deixou hoje, aos 87 anos.
Até 1968, os folhetins nacionais repetiam os vícios dos dramalhões latinos que Silvio Santos ainda exibe no SBT. Os mocinhos eram absolutamente corretos, cordiais e inocentes. Os vilões, intencionalmente caricatos, sequer faziam sentido: estavam ali para alimentar, custe o que custar, o maniqueísmo ordinário. Um modelo enfadonho, que perdeu forças quando Luis Gustavo viveu Beto Rockfeller, protagonista da novela homônima que fez a Tupi liderar a audiência.
Inspirado em um tipo que frequentava a extinta boate Dobrão, de Cassiano Gabus Mendes, “Beto Rockfeller” pintou de verde e amarelo as telenovelas ao introduzir personagens mais realistas, que não tinham que ser essencialmente bons ou ruins, e diálogos coloquiais. Sob a batuta de Luis, que conduzia o primeiro anti-herói da TV numa época em que público e crítica não exigiam ––ou desconheciam–– tal recurso, aquele talentoso elenco dirigido por Lima Duarte encontrou a fórmula do sucesso dos nossos folhetins.
“A loucura começou quando fomos gravar o primeiro capítulo. O elenco se reuniu, e não era como hoje em dia, que a gente faz as reuniões, leitura, preparação de personagem… Cada um chegou e dali a dez minutos começou a gravar, cada um fazendo o seu. Eu não sabia como minha irmã ia se comportar, ou minha namorada ou minha mãe. Foi um divisor de águas”, recordou.
Quem melhor entendeu a revolução rockfelliana foi a Globo, que contratou Luis Gustavo em 1976. Dessa parceria, surgiram o estilista Victor Valentim (“Ti Ti Ti”), o detetive Mario Fofoca (“Elas Por Elas”) e o síndico Vavá (“Sai de Baixo”), fundamental para a atualização das sitcoms no Brasil.
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