O embaixador do Afeganistão na ONU, Ghulam M. Isaczai, disse nesta segunda (16) que sua delegação não confia no Talibã – que já descumpriu acordos no passado – e pediu que a ONU peça o fim da violência no país.

“Senhor presidente, hoje estou falando em nome de milhões de pessoas no Afeganistão, cujo destino está sob um fio e encaram incerteza extrema sobre o futuro”, disse o diplomata, ao Conselho de Segurança.

“Falo por milhões de meninas e mulheres afegãs, que estão prestes a perder sua liberdade de ir à escola, de trabalhar, e de participar na vida política, econômica e social do país. Estou falando por milhares de defensores dos direitos humanos, jornalistas, acadêmicos, funcionários civis, e ex-agentes de segurança cujas vidas estão sob risco por defenderem os direitos humanos e a democracia”, acrescentou.

“A situação em Kabul, uma cidade de 6 milhões de pessoas, é extremamente preocupante, para dizer o mínimo”, continou o diplomata.

“Senhor presidente, estamos extremamente preocupados com o Talibã não honrar suas promessas e compromissos feitos em seus pronunciamentos em Doha e outros fóruns internacionais. Testemunhamos várias vezes como o Talibã quebrou suas promessas e compromissos no passado. Vimos imagens horrendas de execuções em massa feitas pelo Talibã de militares e seus assassinatos de civis em Kandahar e outras cidades grandes”.

“Senhor presidente, não podemos permitir que isso aconteça em Kabul, que tem sido o último refúgio para muitas pessoas fugindo da violência e os ataques de vingança do Talibã. Moradores de Kabul estão relatando que o Talibã já começou buscas de casa em casa em alguns bairros, registrando nomes e procurando pessoas em sua lista de alvos (…) Os moradores de Kabul estão agora vivendo em medo absoluto”.

“Senhor presidente, não há mais tempo para jogos de culpa. Temos uma oportunidade de impedir mais violência, impedir que o Afeganistão caia em guerra civil e torne-se um Estado-pária. Portanto, o Conselho de Segurança e o secretário-geral da ONU devem usar todos os meios à sua disposição para chamar uma imediata cessação da violência, e pelo respeito aos direitos humanos e ao direito humanitário internacional”.