Quem é Ricardo Barros?
O líder do governo de Jair Bolsonaro na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), presta depoimento à CPI da Covid nesta quinta-feira (12). O cacique do Centrão está no centro do escândalo envolvendo irregularidades na compra da vacina indiana Covaxin...
O líder do governo de Jair Bolsonaro na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), presta depoimento à CPI da Covid nesta quinta-feira (12). O cacique do Centrão é citado no escândalo envolvendo irregularidades na negociação da Precisa Medicamentos com o Ministério da Saúde.
Segundo o deputado Luis Miranda, o próprio Bolsonaro disse, em uma reunião no dia 20 de março, que Barros estaria por trás do esquema.
Escândalos envolvendo o líder do governo não são novidade. Ele foi delatado por suposto recebimento de propina da Galvão Engenharia e denunciado por improbidade administrativa por um contrato assinado com a Global Gestão em Saúde, quando era Ministro da Saúde.
Saiba tudo sobre Ricardo Barros:
Carreira
Ricardo José Magalhães Barros nasceu em 1959, em Maringá, no Paraná. Formou-se em engenharia pela Universidade Estadual de Maringá em 1981.
Barros iniciou sua carreira política em 1988, quando se filiou ao antigo PFL. No mesmo ano, disputou a Prefeitura de Maringá e foi eleito o prefeito mais jovem da cidade, aos 29 anos. Seu pai, Silvio Magalhães Barros, já havia ocupado o posto.
Em 1994, Barros foi eleito deputado federal pela primeira vez. Durante o mandato, migrou para o PPB, que viria a se tornar o PP.
Em 1998, foi reeleito e logo assumiu a vice-liderança do governo na Câmara, durante o governo de Fernando Henrique Cardoso. No fim do mandato, assumiu a liderança do governo na Câmara.
O deputado foi reeleito em 2002. Na ocasião, o PP apoiou José Serra na disputa presidencial. Quando Lula foi eleito, o partido passou a apoiar Lula, assim como Barros. Em 2006, foi eleito deputado pela terceira vez. No ano seguinte, assumiu o posto de vice-líder do governo Lula na Congresso.
Após quatro mandatos consecutivos na Câmara, Barros concorreu ao Senado pelo Paraná em 2010, mas ficou em quarto lugar na disputa, vencida por Gleisi Hoffmann (PT) e Roberto Requião (MDB).
Secretário de Beto Richa e investigação na Lava Jato
Depois de não conseguir se eleger senador em 2010, Barros assumiu o posto de secretário da Indústria e Comércio do Paraná, no governo de Beto Richa.
Investigações da Operação Lava Jato apontam que, no perídodo em que esteve no cargo, Barros recebeu R$ 5 milhões em propina da empresa Galvão Engenharia, para facilitar a compra de ativos da São Bento Energia pela Companhia Paranaense de Energia (Copel).
Em delação, o ex-presidente da empreiteira disse que pagou propina a Barros em duas oportunidades.
O deputado é um crítico atroz da Lava Jato e já afirmou que a operação atuou de forma parcial para tirar Lula da disputa eleitoral de 2018.
Ministro da Saúde
Após o PP apoiar o impeachment de Dilma Rousseff, em 2016, Michel Temer nomeou o então deputado Ricardo Barros para o comando do Ministério da Saúde. No cargo, ele tentou diminuir a cobertura do SUS e promover cortes na pasta. A ideia, segundo Barros, era desafogar o sistema público.
Em 2017, durante a gestão do cacique do PP, o Ministério da Saúde pagou R$ 20 milhões à Global Gestão em Saúde por medicamentos que nunca foram entregues. A Global é sócia da Precisa Medicamentos, empresa na mira da CPI pela venda da Covaxin ao governo.
Em 2019, Barros foi denunciado pelo MPF por improbidade administrativa pelo caso. Segundo a investigação, o desabastecimento das substâncias provocou a morte de 14 pessoas. O deputado culpa a Anvisa pelo fracasso nas entregas.
Sob a gestão de Barros, a VTCLog assinou seis contratos com o Ministério da Saúde no valor de R$ 253 milhões, todos sem licitação. O então ministro extinguiu um setor da pasta e contratou a empresa para prestar o mesmo serviço de forma terceirizada. A VTCLog também é investigada pela CPI da Covid.
Líder do governo de Jair Bolsonaro
Em 2018, Ricardo Barros foi eleito mais uma vez para a Câmara dos Deputados. Ele chegou a ter o mandato cassado pela Justiça Eleitoral por uma suposta compra de votos, mas recorreu e conseguiu anular a decisão.
Em 2019, foi relator da Lei de Abuso de Autoridade, que enfraqueceu os mecanismos de combate à corrupção. O texto foi aprovado em acordo com o Planalto.
Em agosto de 2020, Ricardo Barros foi nomeado líder do governo de Jair Bolsonaro na Câmara, coroando a aproximação entre Jair Bolsonaro e o Centrão.
Menos de um mês depois de assumir, o deputado enxotou os bolsonaistas da vice-liderança do governo na Casa e indicou seus substitutos. Desde chegou ao cargo, vem orientando que a base do governo vote de acordo com os interesses do Centrão.
Denúncia dos irmãos Miranda
Em 23 de junho de 2021, O Antagonista revelou, com exclusividade, que o deputado Luis Miranda e seu irmão, Luis Ricardo Miranda, que é servidor do Ministério da Saúde, haviam relatado a Jair Bolsonaro, em 20 de março, suspeitas de irregularidades no contrato da Precisa com a pasta, assinado em 25 de fevereiro.
Em depoimento à CPI da Covid dias depois, Miranda reiterou aos senadores que o presidente disse que sabia que Ricardo Barros estava envolvido no esquema.
Em 29 de junho, a Crusoé revelou que, depois de denunciar o caso a Jair Bolsonaro, em março, foi convidado pelo lobista Silvio Assis, que seria ligado a Barros, para uma reunião em que teria havido oferta de propina para manter esquema em segredo.
Em maio, um novo encontro foi marcado. Dessa vez, o próprio Ricardo Barros teria estado presente e uma nova oferta de propina teria sido feita, segundo Miranda.
Os escândalos trouxeram Barros para o centro das investigações da CPI da Covid. Desde que foi citado, o deputado vem tentando ser ouvido pelos senadores. Ele recorreu ao STF mais de uma vez para tentar depor antes do recesso parlamentar, mas não conseguiu.
A CPI aprovou a quebra de sigilos bancário, fiscal, telefônico e telemático do deputado.
Histórico:
1959 – Nasce Ricardo Barros, em Maringá, no Paraná.
1977 – Ingressa no curso de engenharia da Universidade Estadual de Maringá.
1981 – Conclui o curso de engenharia.
1988 – Barros é eleito prefeito de Maringá, pelo PFL.
1994 – Assume a Secretaria-Geral do partido e é eleito deputado pela primeira vez.
1997 – Barros migra para o antigo PPB, que viria a se tornar PP.
1998 – É eleito deputado mais uma vez e assume a vice-liderança do governo FHC na Câmara.
2002 – No fim do mandato, Barros é escolhido líder do governo na Câmara. PP apoia José Serra na disputa presidencial. Com eleição de Lula, partido passa a apoiar o petista.
2006 – Barros é eleito deputado pela quarta vez.
2007 – O deputado passa a ser líder do governo Lula no Congresso.
2010 – Barros concorre ao Senado pelo Paraná, mas é derrotado.
2011 – Assume a Secretaria de Indústria e Comércio do Paraná, no governo de Beto Richa.
2014 – Barros é eleito deputado mais uma vez.
2016 – O parlamentar é nomeado ministro da Saúde de Michel Temer.
2018 – Ao fim do governo, é eleito para mais um mandato na Câmara.
2019 – Barros relata a Lei de Abuso de Autoridade.
2020 – O deputado torna-se líder do governo de Jair Bolsonaro.
2021 – Ricardo Barros é citado por Luis Miranda no caso Covaxin e é convocado pela CPI da Covid.
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