O tucanismo de FHC
Depois de relembrar as origens do PSDB, FHC tenta justificar, em artigo no Estadão, a recente propaganda tucana e o apoio do partido ao governo de Michel Temer: "O programa do PSDB recentemente difundido na TV mostrou a mutação maligna sofrida...
Depois de relembrar as origens do PSDB, FHC tenta justificar, em artigo no Estadão, a recente propaganda tucana e o apoio do partido ao governo de Michel Temer:
“O programa do PSDB recentemente difundido na TV mostrou a mutação maligna sofrida pelo sistema de alianças decorrente da Constituição de 1988. A eleição do presidente da República com pelo menos 50% mais um de votos, quando seu partido não alcança mais do que 20% das cadeiras na Câmara, como ocorreu até hoje, obriga o presidente eleito a compor alianças para governar.
Este sistema, dito ‘presidencialismo de coalizão’, com o passar do tempo, se degenerou no ‘presidencialismo de cooptação’. Juntaram-se grandes empresas e partidos políticos para a sucção ilegal de recursos públicos, gerando um fluxo financeiro que beneficiava os partidos e parlamentares que sustentavam os governos. (…)
Este novo arranjo ganhou força com a ascensão do PT ao poder, movido por objetivos de ocupação hegemônica do Estado.
Foi no presidencialismo de cooptação que se centrou a crítica do citado programa do PSDB, dando ouvidos à voz das ruas no repúdio à corrupção.
(…) O PSDB apoiou o governo Temer pelo interesse nacional na governabilidade e porque ele se comprometeu com reformas que o partido deve assumir e liderar, lutando para garantir a conformidade entre elas e seu ideário. É inegável que houve avanços nas áreas econômicas e nas da educação, habitação e infraestrutura, assim como na política externa. Não há apoios políticos incondicionais, nem por causa deles se deve deixar de criticar o que parecer errado. Se existirem divergências mais profundas e substantivas, que sejam explicitadas antes de um eventual ‘desembarque’.”
A ala governista do PSDB deixou de criticar muito do que parecia errado no governo Temer, especialmente no caso do encontro secreto (e do áudio) do presidente com Joesley Batista, bem como nas tentativas de melar a Lava Jato, manifestadas inclusive por Aécio Neves em gravação.
FHC se coloca como alguém de fora, mas também tem responsabilidade pela inércia tucana. A voz das ruas rejeita o velho tucanato porque o PSDB – que hoje insiste no discurso tecnocrático contra o sistema abstrato, não contra os corruptos de carne e osso – faz tudo menos ouvi-la.
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