Bolsonaro não tem partido. Ele alugou (ou comprou) um
Qual é a importância da notícia de que está aberto o caminho para Jair Bolsonaro ir para o Patriota, agora que Flávio Bolsonaro se filiou à sigla? Nenhuma. O que não significa que a notícia podia deixar de ser publicada. É o que temos, afinal de contas, com esse estranho presidente que não tinha partido nenhum e, dado ainda mais pitoresco, não conseguiu formar a sua própria agremiação...
Qual é a importância da notícia de que está aberto o caminho para Jair Bolsonaro ir para o Patriota, agora que Flávio Bolsonaro se filiou à sigla? Nenhuma. O que não significa que a notícia podia deixar de ser publicada. É o que temos, afinal de contas, com esse estranho presidente que não tinha partido nenhum e, dado ainda mais pitoresco, não conseguiu formar a sua própria agremiação.
A importância de que falo é para a sua vida, a minha ou a de todos os brasileiros que não fazem parte do Patriota ou que não transformaram a política na segunda profissão mais antiga do mundo. Relevância zero, menos do que nada, a não ser pela conta a pagar. O Patriota é uma legenda de aluguel, nada mais do que isso, embora haja gente lá dentro que ache o contrário. Nesse aspecto, é como quase todos os outros que compõem o grotesco cenário nacional. Ao que tudo indica, os seus dirigentes deram à famiglia Bolsonaro a “porteira fechada” que ela queria — ou seja, viraram donos da sigla que quase os hospedou para a eleição de 2018. Vão fazer o rachuncho do Fundo Partidário do jeito que quiserem. Em 2020, essa merreca foi de 27,5 milhões de reais. A ideia para além de 2022, imagina-se, é que Bolsonaro consiga alavancar a sigla de tal forma que ela ultrapasse a cláusula de barreira de 2,5% dos votos válidos em 2026 (obteve 2% em 2020), em pelo menos um terço dos estados, para continuar a ter direito a receber a bufunfa e engrossá-la ainda mais, inclusive ou principalmente com outras fontes de arrecadação.
Hoje, o partido se chama Patriota, mas se chamava Partido Ecológico Nacional. Antes de selar o negócio com o Patriota, a famiglia Bolsonaro andou conversando com o Partido da Mulher Brasileira, que, para agradar ao clã, passou a se chamar Brasil 35, incorporando ao nome o número do registro oficial. Quando concorreu à presidência da República, o atual inquilino do Planalto pertencia ao Partido Social Liberal, com o qual rompeu por razões pecuniárias. Como Jair Bolsonaro nunca foi ecológico, é misógino e jamais foi liberal, ao menos ele tem a qualidade de escancarar a palhaçada demagógico-fisiológica que está na base da criação desses partidos que nasceram para alugar-se — ou vender-se. E que se dispõem a mudar de nome com a mesma facilidade do primeiro autobatismo, porque programa mesmo não há. Quer dizer, há, mas não no sentido estritamente político do termo.
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