O que Pazuello chamou de ‘hackeamento’ foi jornalismo
O depoimento de Mayra Pinheiro à CPI da Covid nesta terça (25) mostra que o que Eduardo Pazuello chamou de 'hackeamento' do aplicativo pró-cloroquina TrateCov foi, na verdade, jornalismo...
O depoimento de Mayra Pinheiro à CPI da Covid nesta terça (25) mostra que o que Eduardo Pazuello chamou de ‘hackeamento’ do aplicativo pró-cloroquina TrateCov foi, na verdade, jornalismo.
Em 20 de maio, Pazuello disse à CPI o seguinte:
“Ele foi hackeado, puxado por um cidadão. Existe um boletim de ocorrência, uma investigação que chega nessa pessoa. Ele foi descoberto. Ele pegou esse diagnóstico, botou, alterou, com dados lá dentro, e colocou na rede pública. Quem colocou foi ele; tem todo o boletim de ocorrência. Eu vou disponibilizar para os senhores (…) No dia em que nós descobrimos que ele foi hackeado, eu mandei tirar do ar imediatamente”.
Na verdade, o lançamento do TrateCov foi divulgado pela TV Brasil, emissora do governo federal, em 19 de janeiro.
Como mostramos, a suposta ação hacker teria ocorrido 17 dias depois da divulgação do aplicativo para profissionais de saúde do Amazonas.
Hoje, ficou mais claro o que a secretária de Gestão do Trabalho e da Educação do Ministério da Saúde entende por “extração indevida de dados”.
Renan Calheiros perguntou: “No seu depoimento à Polícia Federal, Vossa Senhoria informou que a plataforma foi hackeada, informação que foi confirmada pelo Ministro Pazuello em seu depoimento a esta Comissão Parlamentar de Inquérito, que disse que o TrateCov foi roubado, alterado e difundido por uma pessoa já identificada pela polícia. Qual é o nome do responsável por esse crime cibernético?”
Mayra Pinheiro respondeu: “Pois não. Deixe-me pegar aqui, é um jornalista: Rodrigo Menegat”.
Ela acrescentou: “[E]le não conseguiu hackear. Hackear é quando você usa a senha de alguém, entra dentro de uma plataforma, de um sistema. E nós já tivemos sistemas do governo que foram hackeados (…) Foi uma extração indevida de dados”.
Em 20 de janeiro, o jornalista Rodrigo Menegat acessou o TrateCov e fez algumas simulações. Inseriu dados de pacientes hipotéticos com Covid, recebendo como receita medicamentos como cloroquina, ivermectina e azitromicina. Ele publicou o resultado no Twitter.
Menegat nem foi o primeiro jornalista a fazê-lo – muitos outros fizeram simulações semelhantes.
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