A cronologia de um crime
A Folha de S. Paulo prestou um favor inestimável à CPI da Covid, publicando a cronologia de todos os contatos documentados entre a Pfizer e o governo, durante os quais o laboratório ofereceu suas vacinas e foi ignorado pelo bolsonarismo...
A Folha de S. Paulo prestou um favor inestimável à CPI da Covid, publicando a cronologia de todos os contatos documentados entre a Pfizer e o governo, durante os quais o laboratório ofereceu suas vacinas e foi ignorado pelo bolsonarismo.
O Antagonista toma a liberdade de reproduzir a cronologia integralmente, porque ela é capaz de guiar os leitores e, sobretudo, os membros da CPI, que precisam desmentir os criminosos com provas documentais, e não com esperneio retórico.
31 de julho de 2020
Pfizer pede audiência urgente com a pasta. País registrava cerca de 92,5 mil mortes
4 de agosto de 2020
Ministério confirma reunião para dia 6 de agosto
8 de agosto de 2020
País ultrapassa marca de 100 mil mortos por Covid-19
14 de agosto de 2020
Empresa envia a proposta formal para fornecimento de futura vacina. Previsão era de 70 milhões de doses, acima das 30 milhões discutidas anteriormente
17 de agosto
Envia um email a técnicos da Saúde um link para acessar documentos com informações sobre a vacina e a proposta. Envia um segundo email a técnicos da Economia informando sobre a proposta que havia sido feita
18 de agosto de 2020
Pfizer afirma que consegue antecipar 1 milhão de doses para entrega em ainda 2020, após aval da Anvisa. Email reforça que a validade da proposta era 29 de agosto e pede urgência para resposta
19, 21, 25 e 26 de agosto de 2020
Pfizer faz contato telefônico e eletrônico e pede uma posição do ministério. Envia proposta com revisão no cronograma e entrega de doses
29 de agosto de 2020
Data limite da primeira oferta. Não há documento entregue pela Pfizer à CPI referente a este dia. Mortes por Covid-19 passam de 120 mil
2, 12 e 15 de setembro de 2020
Pfizer faz novo contato com ministério e se coloca à disposição para reunião sobre o andamento dos estudos da vacina. No período, presidente mundial da Pfizer encaminha mensagem a Bolsonaro e Pazuello. Empresa diz que fechou acordo com os Estados Unidos e reforma que celeridade é crucial, pois há número limitado de doses em 2020. Email enviado ao presidente Bolsonaro e ministros é encaminhado a integrantes do Ministério da Saúde
14 de outubro de 2020
Número de mortes já passava de 150 mil no país. Empresa envia dados ao Programa Nacional de Imunizações
27 de outubro de 2020
Reunião entre Pfizer e governo para retomar as negociações
10 de novembro de 2020
Pfizer tem reunião com Bolsonaro, Guedes e Wajngarten. Foi reapresentada a proposta de 70 milhões de doses, com um mínimo a ser adquirido no primeiro semestre e o restante no segundo semestre. Empresa reforça que contrato será efetivado somenta após aval da Anvisa, ‘sem qualquer risco/prejuízo financeiro ao país caso nossa vacina não receba o registro’
13 de novembro de 2020
Número de mortes chega a quase 165 mil. Ministério confirma reunião com a empresa para 17 de novembro
Dia 24 de novembro de 2020
Pfizer manda termos atualizados do acordo. Validade da proposta é 7 de dezembro. Depois disso, doses serão distribuídas a outros países
2 e 3 de dezembro de 2020
Empresa tenta contato telefônico e eletrônico, relata ter deixado inúmeras mensagens, mas não obteve a resposta
4 de dezembro de 2020
Ministério envia uma contraproposta à empresa
6 e 9 de dezembro de 2020
Pfizer pede reunião para discutir contraproposta e mostra que memorando de entendimento depende de medida provisória do governo, ainda a ser editada
10 de dezembro de 2020
Ministério fecha memorando de entendimento com a Pfizer. Brasil chega perto de 180 mil mortes
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