Saiba tudo o que disse o ex-CEO da Pfizer na CPI
O ex-CEO da Pfizer Carlos Murillo prestou depoimento à CPI da Covid nesta quinta-feira (13). Ele foi convocado para esclarecer as ofertas de vacinas feitas pela empresa ao governo brasileiro ao longo do ano passado...
O ex-CEO da Pfizer Carlos Murillo prestou depoimento à CPI da Covid nesta quinta-feira (13).
Ele foi convocado para esclarecer as ofertas de vacinas feitas pela empresa ao governo brasileiro ao longo do ano passado.
Ontem, o ex-chefe da Secom Fabio Wajngarten acusou a Pfizer de ter dificultado as negociações com o Brasil por meio de cláusulas contratuais. Murillo atribuiu a demora ao Ministério da Saúde.
O ex-CEO detalhou que o Planalto ignorou cinco propostas da empresa que previam a entrega de vacinas ainda em 2020. De acordo com uma delas, o Brasil receberia 18,5 milhões de doses até junho, e 1,5 milhão ainda no ano passado.
Murillo também confirmou que houve uma reunião com a presença de Carlos Bolsonaro.
O que o ex-CEO da Pfizer disse:
Conversas com o governo desde maio
- Carlos Murillo disse que os primeiros contatos do governo brasileiro com a Pfizer sobre a compra de vacinas aconteceram em maio. Apesar disso, em nenhum momento houve diálogo direto com o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, ou com o ministro da Economia, Paulo Guedes, apenas com suas equipes.
- Murillo disse que teve uma reunião com o Ministério da Economia no dia 6 de agosto.
- O ex-CEO da Pfizer afirmou que a direção da empresa teve encontros com Paulo Guedes, Fabio Wajngarten e com o então número 2 do Ministério da Saúde, Élcio Franco.
- Carlos Murillo informou que desde o início das negociações o valor da dose sempre foi 10 dólares, mesmo preço estabelecido pelo contrato assinado com o Ministério da Saúde em março de 2021.
Ofertas de vacinas
- No dia 14 de agosto, foram feitas as primeiras opções de ofertas de vacinas ao Brasil. Uma delas previa a entrega de 30 milhões de doses até 2021. Uma segunda garantia a entrega de até 70 milhões de doses.
- Segundo Carlos Murillo, no dia 18 de agosto, a Pfizer renovou as ofertas e disse garantir 1,5 milhão de doses ainda em 2020.
- O executivo afirmou que nova oferta foi feita em 26 de agosto.
- De acordo com ele, as propostas tinham validade de 15 dias. Todos os prazos expiraram, sem que o governo desse uma resposta – positiva ou negativa.
- O ex-CEO da Pfizer disse que, no dia 11 de novembro, a empresa voltou a ofertar 70 milhões de doses, sendo 2 milhões em 2020. No dia 24 de novembro, uma nova oferta, mantendo as quantidades oferecidas, mas alterando cláusulas contratuais para atender a exigências do governo. Depois de nova recusa, a Pfizer só tentaria outro contato em fevereiro.
- Segundo Carlos Murillo, o Brasil poderia ter recebido 18,5 milhões de doses do imunizante ainda no primeiro semestre de 2021.
Negociações
- Carlos Murillo confirmou os destinatários da carta enviada pela Pfizer ao governo brasileiro em setembro, que foi ignorada por dois meses. Como revelado durante depoimento de Fabio Wajngarten ontem, Jair Bolsonaro, Hamilton Mourão, Walter Braga Netto, Eduardo Pazuello, Paulo Guedes e Nestor Foster receberam o documento.
- O CEO da Pfizer negou que Fabio Wajngarten tenha participado das negociações sobre a compra da vacina. Murillo disse que as tratativas ocorreram com o Ministério da Saúde. Sem dar detalhes, ele afirmou que o então chefe da Secom participaria de “uma possível coordenação”.
- O executivo disse que as cláusulas impostas pela empresa eram iguais em todos os países. Na quarta-feira (12), Wajngarten afirmou que a compra atrasou por culpa da empresa.
Conversa com Jair Bolsonaro
- Carlos Murillo confirmou que conversou com o presidente Jair Bolsonaro em novembro sobre os entraves para a compra de vacinas. Ele disse que ligou para Wajngarten após receber um e-mail do então chefe da Secom. Durante a ligação, Wajngarten colocou na linha Bolsonaro e Guedes. Segundo o ex-CEO da Pfizer, nada foi feito.
Reunião com Carlos Bolsonaro e Filipe Martins
- Carlos Murillo disse que Wajngarten, Filipe Martins e Carlos Bolsonaro participaram de uma reunião no Palácio do Planalto no dia 7 de dezembro, segundo funcionários da empresa. O encontro teria sido convocado por Wajngarten para que fossem esclarecidos entraves no processo de aquisição da vacina.
Ataques de Jair Bolsonaro
- Carlos Murillo minimizou as chacotas feitas pelo presidente ao imunizante da Pfizer. O ex-CEO da Pfizer foi incitado pelos senadores a opinar sobre declarações de Bolsonaro, como o episódio em que ele afirmou que a vacina poderia transformar pessoas em jacarés. Murillo se limitou a Pfizer é apenas “uma companhia da ciência”.
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