Na coletiva de imprensa no dia 5 de fevereiro, Jair Bolsonaro disse que a Petrobras tem interesse em minirefinarias que possam, pela logística, baratear os combustíveis – especialmente gasolina e diesel.
Na ocasião, o presidente da República disse o seguinte:
“Devemos combater qualquer monopólio ou oligopólio e abrir cada vez mais o comércio. Pelo que parece, a Petrobras tem interesse em minirefinarias pelo Brasil. É isso mesmo, Castello? Vocês pretendem vender refinarias?”
Em seguida, defendeu a transparência de sua gestão. “Não tem caixa preta em nosso governo.”
O Antagonista apurou que a atual Diretoria Executiva da companhia nunca discutiu a criação de minirefinarias.
Mas há um projeto antigo do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa, preso pela Lava Jato em 2016 e que admitiu em delação ter atuado como operador do PP (hoje Progressistas) no esquema de propinas que desviou bilhões dos cofres da estatal.
Indicado ao cargo na Petrobras pelo falecido deputado José Janene, que tinha como operador o doleiro Alberto Youssef, Costa deixou a companhia e abriu a REF Brasil, para a construção de quatro pequenas unidades de refino em Sergipe, Espírito Santo, Ceará e Alagoas.
Em janeiro de 2014, antes da operação, Costa disse ao Valor que as minirefinarias seriam “simples e baratas”, com capacidade inicial de processamento de até dois módulos de 5 mil barris diários para produção de gasolina, diesel e óleo combustível para navios.
Os investidores seriam privados, segundo ele. “Eu entro com o projeto, o conceito e experiência na área”. Costa disse também que as unidades seriam construídas perto de áreas de produção da Petrobras, e que as minirefinarias ganhariam economicidade devido à logística.
“Para a Petrobras é bom ter esses investidores e essas refinarias, primeiro porque estamos trazendo investimento de fora para o Brasil. Segundo porque cada barril processado aqui é um barril a menos que a Petrobras vai ter de importar. Se produzirmos 40 mil barris por dia, no final o valor é muito grande, é um bom negócio.”
Se a diretoria da Petrobras não discutiu a ideia na atual gestão, quem será que a soprou nos ouvidos do presidente?
Assista ao trecho da coletiva: