Raul Velloso: “Como exigir uma reforma forte de um governo fraco?”
Um dos maiores especialistas em contas públicas do país não nutre grandes esperanças em relação à reforma da Previdência. Para Raul Velloso, somente um governo forte seria capaz de aprovar o projeto de que o Brasil precisa – o que não é o caso de Temer.Isso não quer dizer que uma reforma meia boca seja inútil. “É fazer o que der para fazer e pedir paciência até a próxima rodada de mudanças.” Veja os principais trechos da conversa com O Antagonista...
Um dos maiores especialistas em contas públicas do país não nutre grandes esperanças em relação à reforma da Previdência. Para Raul Velloso, somente um governo forte seria capaz de aprovar o projeto de que o Brasil precisa – o que não é o caso de Temer.
Isso não quer dizer que uma reforma meia boca seja inútil. “É fazer o que der para fazer e pedir paciência até a próxima rodada de mudanças.” Veja os principais trechos da conversa com O Antagonista:
O Antagonista – Muitos já dizem que é melhor uma meia reforma do que nenhuma reforma. O senhor concorda?
Velloso – É preciso fazer o que for possível. Qualquer reforma é melhor do que nenhuma. Além disso, como eu vou exigir uma reforma forte de um governo fraco como esse, subordinado a inúmeros interesses e sob constante bombardeio? É fazer o que der para fazer e pedir paciência até a próxima rodada de mudanças.
O Antagonista – O senhor já afirmou que a exclusão dos servidores estaduais foi um “raciocínio político miúdo”. Esses raciocínios miúdos vão gerar uma reforma miúda?
Velloso – Eu me referia àquilo que deveria, na minha opinião, ser o maior foco da reforma: o regime dos servidores públicos. Lá atrás, isso deveria ter sido posto como o principal objetivo e foi um erro excluí-lo. A cúpula do governo não entendeu a importância disso. Agora, naquilo que o governo se dispôs a focar, que é o regime geral de Previdência, não há espaço para ser miúdo.
O Antagonista – A idade mínima de 65 anos é imexível?
Velloso – Ela deveria ser imexível. Primeiro, porque, dependendo de como for implantada, pode ter um efeito rápido nas contas. Segundo, porque o mundo todo se aposenta com uma idade maior que a dos brasileiros.
O Antagonista – Há quem defenda que as mulheres devem se aposentar mais cedo.
Velloso – Acho que deve ser mantida a idade mínima de 65 anos para homens e mulheres. Se começar a negociar muita coisa, a reforma vai sair completamente aguada.
O Antagonista – É recomendável flexibilizar algumas regras propostas na reforma, como a idade para a aposentadoria rural ou os benefícios para idosos?
Raul Velloso – Essas são questões assistenciais. O ajuste dessas regras passa muito mais por saber se o governo terá dinheiro para bancar. Não acho que o governo tenha esses recursos. Se ele quiser afrouxar as regras previstas, precisa dizer de onde vai tirar o dinheiro.
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