Márcio Anselmo: “Anistia aos políticos seria a prova de que o crime compensa no Brasil”
O delegado Márcio Anselmo, que deixou a Lava Jato, deu entrevista ao Estadão.Leia um trecho:Estado: O Supremo Tribunal Federal recebeu a maior carga de pedidos de investigação da Procuradoria Geral da República contra alvos com foro privilegiado da Lava Jato. A Corte está preparada, na avaliação do sr, para julgar esses processos?...
O delegado Márcio Anselmo, que deixou a Lava Jato, deu entrevista ao Estadão.
Leia um trecho:
Estado: O Supremo Tribunal Federal recebeu a maior carga de pedidos de investigação da Procuradoria Geral da República contra alvos com foro privilegiado da Lava Jato. A Corte está preparada, na avaliação do sr, para julgar esses processos?.
Anselmo: Não, de forma alguma. O Supremo não tem estrutura seja para a fase de investigação, seja para a fase das ações penais. Isso é objetivo. Veja o tempo que a pauta do STF ficou trancada para o julgamento do mensalão que era um único processo.
Quase todos os casos de ações penais que lá tramitam acabam prescrevendo. O problema é estrutural. É impossível uma suprema corte julgar a quantidade de casos que são julgados no Brasil. É humanamente impossível. Tudo no Brasil termina no STF e isso precisa ser revisto. A quantidade de autoridades no Brasil com foro por prerrogativa colabora com esse estado de caos e funciona como garantia de impunidade.
Estado: A punição de políticos que participaram do esquema de corrupção na Petrobrás é algo essencial para que a Lava Jato seja efetiva?
Anselmo: Certamente. De nada adiantará a operação se os políticos envolvidos não forem punidos. Os demais envolvidos, como corruptores, agentes públicos e operadores financeiros, sempre atuaram na certeza de serem blindados.
Estado: Uma anistia geral para os alvos políticos não poderia representar um retrocesso para a Lava Jato ?
Anselmo: Uma anistia dessa forma, como já foi cogitado, seria o fim da Lava Jato. Seria a prova irrefutável de que o crime compensa no Brasil.
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