Estudantes brasileiros pedem ajuda ao Itamaraty para voltar aos EUA
Um grupo de jovens brasileiros, barrados de retornar aos Estados Unidos para completar os estudos, se organiza para pedir aos dois governos uma isenção da proibição de viagens...
Um grupo de jovens brasileiros, barrados de retornar aos Estados Unidos para completar os estudos, se organiza para pedir aos dois governos uma isenção da proibição de viagens.
O grupo foi batizado de We the Foreigners (Nós, os Estrangeiros), em referência ao preâmbulo da Constituição americana (Nós, o Povo…).
“O que a gente está tentando no momento é atingir o Itamaraty, que é quem nos representa internacionalmente”, disse Flávia Batista, de 23 anos. Ela está no segundo ano do mestrado em Ciência Política na Universidade do Illinois.
O objetivo do grupo é conquistar para os brasileiros a mesma isenção dada aos estudantes europeus. Em 16 de julho, o Departamento de Estado anunciou que os estudantes da Área Schengen (que inclui 26 países da Europa), além dos britânicos e irlandeses, não precisam mais de autorização especial para viajar aos EUA.
Flávia destacou a decisão unilateral do governo brasileiro, no fim de julho, de liberar a entrada de estrangeiros por via aérea para viagens de até 90 dias. “Eles não exigiram uma ação recíproca dos Estados Unidos”, disse.
Carolina Gomes, de 20 anos, está no terceiro ano de gestão de negócios na Western Illinois University. Ela conta que o grupo de WhatsApp do We the Foreigners já tem 130 pessoas. Uma das estratégias de marketing, especialização dela, é enviar mensagens a jornalistas e pessoas famosas. “Não estamos tendo apoio nenhum”, disse, em referência ao governo.
Integrantes do grupo já enviaram várias mensagens ao Itamaraty.
A petição online já soma 86 000 assinaturas.
David Caldas, estudante de 19 anos da Creighton University, no Nebraska, explicou a importância da presença dos brasileiros na universidade, mesmo em tempos de aulas online. Atividades extracurriculares, como o governo estudantil do qual é presidente, exigem a presença no câmpus. Além disso, estudantes como Carolina são atletas bolsistas, e, barrados no Brasil, estão impedidos de retornar aos treinos e partidas.
A Embaixada dos EUA em Brasília informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que leva “muito a sério a situação de estudantes brasileiros e estamos procurando maneiras de garantir que estudantes (tanto os novos quanto os que retornarão aos seus estudos) tenham atenção prioritária quando as entrevistas de visto forem retomadas”.
Mas muitos estudantes do We the Foreigners, inclusive os três entrevistados por O Antagonista, já têm os vistos F-1. Eles não podem regressar aos EUA por causa da proibição de viagens a partir do Brasil. A única forma de contorná-la seria passar 14 dias de quarentena em um terceiro país, o que tem um custo proibitivo para a grande maioria dos estudantes.
A alternativa, claro, é virar ministro da Educação, xingar o STF em vídeo e viajar com passaporte diplomático.
Procurado por O Antagonista desde o fim da tarde de ontem, com novo pedido hoje, o Itamaraty, que supostamente tem a missão de representar os brasileiros, não respondeu.
Ainda bem que o governo tem uma relação próxima e amistosa com os Estados Unidos.
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