“Curral eleitoral” existe. O curral politicamente correto também
Chegaram reclamações de leitores do Nordeste sobre o fato de termos usado a expressão "curral eleitoral".O Antagonista se recusa a trancafiar a língua no curral politicamente correto."Curral eleitoral" é uma expressão surgida na República Velha, assim como "voto de cabresto".Infelizmente, os currais eleitorais existem -- e não são uma prerrogativa do Nordeste.Em outubro de 2014, o desembargador Aloísio de Toledo César publicou no Estadão um artigo esclarecedor a respeito do assunto.Tomamos a liberdade de reproduzir um trecho:
Chegaram reclamações de leitores do Nordeste sobre o fato de termos usado a expressão “curral eleitoral”.
O Antagonista se recusa a trancafiar a língua no curral politicamente correto.
“Curral eleitoral” é uma expressão surgida na República Velha, assim como “voto de cabresto”.
Infelizmente, os currais eleitorais existem — e não são uma prerrogativa do Nordeste.
Em outubro de 2014, o desembargador Aloísio de Toledo César publicou no Estadão um artigo esclarecedor a respeito do assunto.
Tomamos a liberdade de reproduzir um trecho:
“Quando foi proclamada a República, a Constituição federal brasileira tardou em prever a figura do voto secreto e, com isso, as primeiras eleições no País se realizaram por um sistema que permitia identificar a pessoa em quem o eleitor votava. Realmente, naqueles tempos nada saudosos, o eleitor levava consigo um pedaço de papel com o nome de seu candidato e o depositava na urna, permitindo que os coronéis da época entregassem a cada um de seus empregados uma cédula já preenchida.
E lá seguia o eleitor de cabresto para cumprir o dever de votar naquele político de quem era dependente.
Graças a esse sistema nada democrático, ganharam força as expressões “voto de cabresto” e “curral eleitoral”, porque, sobretudo no Nordeste, os políticos mais poderosos adotavam essa conduta para garantir os seus votos. Sim, a grande maioria dos eleitores, por dependerem economicamente desses “coronéis”, recebia pelo voto um pagamento de diversas formas – comida, roupas, casa para morar e até mesmo dinheiro.
Curiosamente, esse costume se arraigou de tal forma em nosso sistema de escolha dos governantes que hoje temos talvez o maior curral eleitoral de todos os tempos. Há uma diferença: na sua fase inicial, os eleitores “de cabresto” recebiam o pagamento do próprio político ao qual estavam submetidos, mas hoje, no enorme curral eleitoral do presente, quem paga a esses eleitores somos nós.
Nisso talvez resida a conhecida esperteza do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva – como sempre, uma esperteza para o mal. Tendo Lula percebido que é bom em cada eleição poder contar com um curral eleitoral obediente e confiável, ele carreou esforços (e o nosso dinheiro) para pagar a esses eleitores na forma disfarçada de Bolsa Família e outras benesses governamentais.”
Os comentários não representam a opinião do site; a responsabilidade pelo conteúdo postado é do autor da mensagem.
Comentários (0)