Número de militares na área da saúde do governo aumentou 74% com Bolsonaro
O governo Bolsonaro aumentou o número de militares na área da saúde em 74%. Hoje existem 1,2 mil membros das Forças Armadas em postos reservados a profissionais da saúde. Em 2018, eram 718 militares nos cargos civis da área, conforme levantamento feito pelo TCU e divulgado por O Antagonista...
O governo Bolsonaro aumentou o número de militares na área da saúde em 74%. Hoje existem 1,2 mil membros das Forças Armadas em postos reservados a profissionais da saúde. Em 2018, eram 718 militares nos cargos civis da área, conforme levantamento feito pelo TCU e divulgado por O Antagonista.
De acordo com a pesquisa, em 2016 os militares em cargos civis na saúde eram 642. De lá pra cá, o número quase dobrou, como mostra a tabela abaixo:
Os dados não se referem só aos militares convocados ao Ministério da Saúde. São membros das Forças Armadas que ocupam posições destinadas a profissionais da saúde.
O TCU não detalhou se são militares com formação médica ou não, mas a área da saúde foi a segunda que Bolsonaro mais usou para abrigar seus ex-colegas de caserna (atrás apenas dos cargos comissionados).
Hoje, o ministro da Saúde é um general, Eduardo Pazuello. A pasta abriga 353 militares, segundo informações do Ministério Público no TCU, dos quais 25 estão em postos de comando.
O levantamento do TCU foi pedido pelo ministro Bruno Dantas e aprovado por unanimidade pelos demais ministros. Dantas quer saber o “grau de militarização dos setores civis do governo”. Agora que tem os dados em mãos, vai decidir os próximos passos.
Dantas alertou para o problema depois de entrevista do ministro Luís Roberto Barroso ao programa Roda Viva em 15 de junho.
Na ocasião, Barroso disse que botar militares em cargos civis pode comprometer a credibilidade das Forças Armadas, já que elas podem passar a se identificar com o governo.
Sábado passado (11/6), o ministro Gilmar Mendes disse que o Exército precisava tomar cuidado para não “se associar a um genocídio”.
Durante a semana, explicou que se referiu à situação dos índios brasileiros em relação à pandemia. Segundo levantamento da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), até o início de julho 1.453 índios haviam morrido em decorrência do novo coronavírus e 1,8 mil deles haviam sido diagnosticados com Covid-19.
Gilmar também disse que os militares precisavam cuidar para não ser usados para dar sustentação ao discurso político de Bolsonaro.
O presidente, disse Gilmar Mendes, vem deturpando uma decisão do Supremo para dizer que foi proibido de adotar medidas de combate ao novo coronavírus – na verdade, o STF disse que tanto o governo federal quanto os estados e os municípios podem agir nessa área, de forma coordenada.
Durante uma live na terça, Gilmar disse que o discurso foi “para que eles [os militares] não se envolvam nos futriques tão normais da política cotidiana, para que não se deixem usar neste momento”.
Ontem, Bolsonaro disse que não pretende demitir o general Pazuello do Ministério da Saúde e elogiou o trabalho do general Ramos na articulação política: “É proibido nomear militares?”
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