Lula envia carta ao Foro de São Paulo
O ex-presidiário Lula enviou uma carta ao Foro de São Paulo, em razão dos 30 anos de existência da tal fundação -- sim, o Foro de São Paulo existe...
O ex-presidiário Lula enviou uma carta ao Foro de São Paulo, em razão dos 30 anos de existência da tal fundação — sim, o Foro de São Paulo existe.
O petista diz no texto que Marco Aurélio Garcia, o chanceler do B de Lula, morto em julho de 2017, “foi um importante formulador político da esquerda latino-americana” e secretário do Foro.
Lula, que não é mais escutado nem sequer no campo da esquerda, ainda recorda uma conversa que teve com o ditador cubano Fidel Castro que, segundo ele, ajudou a resultar na criação do Foro.
O ex-presidiário, condenado em segunda instância por corrupção e lavagem de dinheiro, termina o texto falando em “crescimento da extrema direita no continente” e “radicalização dos ajustes neoliberais da economia”.
“Companheiras e companheiros, parabéns pelo trigésimo aniversário e viva o Foro de São Paulo e seus membros.”
O Foro de São Paulo foi fundado em julho de 1990, ainda sob o impacto da queda do Muro de Berlim. Fidel Castro e Lula são apontados como seus principais idealizadores.
Secretário-executivo do Foro entre 2005 e 2013 e autor do livro “Foro de São Paulo: Construindo a Integração Latino-Americana e Caribenha”, o petista Valter Pomar disse, em entrevista à BBC Brasil em 2019, que “Fidel estava preocupado com a ofensiva neoliberal” na América Latina. A primeira reunião foi realizada em São Paulo, com a participação de quase 50 partidos de esquerda da região.
Inicialmente, o Foro se apresentava com o objetivo de promover a “integração latino-americana” na política, na economia e na cultura.
Atualmente, segundo o site do Foro, há 134 partidos políticos que integram a instituição. Quatro deles são brasileiros: PT, PCdoB, PCB e PDT. O antigo PPS (que nem existe mais com este nome — mudou para Cidadania) ainda aparece na lista, embora o presidente nacional do partido, o ex-comunista Roberto Freire, já tenha dito publicamente que a legenda deixou o Foro “há anos” por causa da “supressão cada vez maior do debate e do pluralismo de ideias” e do “hegemonismo das concepções bolivarianas, antidemocráticas e populistas”.
No ano passado, outro partido de esquerda do Brasil, o PSB, anunciou o rompimento definitivo com o Foro. “Já são três edições que não participamos mais. Mas, agora, é uma decisão oficial. Queremos aprofundar nossas relações com partidos socialistas da Europa, principalmente da Espanha e de Portugal. Não temos muita concordância com esse Foro de São Paulo”, disse a O Antagonista o presidente da legenda, Carlos Siqueira.
O último encontro do Foro de São Paulo aconteceu há um ano, em julho de 2019, em Caracas, na Venezuela do ditador Nicolás Maduro. Uma homenagem a Lula — que, na época, ainda estava na cadeia — havia sido programada, mas o ato foi cancelado porque, de última hora, os organizadores preferiram se concentrar em uma manifestação de apoio a Maduro.
No documento final do encontro, grupo defendeu o enfrentamento do que chamou de “avanço da direita sobre os nossos povos” e citou o Brasil como exemplo de país governado por “neoliberais reciclados, autoritários e pró-fascistas”. Em 2018, durante a campanha eleitoral, o então candidato Jair Bolsonaro destacou, em seu programa eleitoral, a “criação do Foro de São Paulo e o protagonismo do PT na implantação de um regime comunista no Brasil”.
Vale lembrar que, reunião anual do Foro em 2018, Dilma Rousseff, já impichada da Presidência da República, participou do evento, ao lado de Gleisi Hoffmann (assista aqui).
Em janeiro deste ano, Maduro anunciou uma reunião “extraordinária” do Foro, batizada de Encontro Mundial contra o Imperialismo. Esvaziado, o encontro sequer foi registrado no site ou na conta de Twitter do grupo.
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