Fundador da Ricardo Eletro é preso por suspeita de sonegação de R$ 400 milhões
Ricardo Nunes, fundador da rede varejista Ricardo Eletro, foi preso nesta quarta-feira, em São Paulo, em uma operação de combate à sonegação fiscal e lavagem de dinheiro...
Ricardo Nunes, fundador da rede varejista Ricardo Eletro, foi preso nesta quarta-feira, em São Paulo, em uma operação de combate à sonegação fiscal e lavagem de dinheiro.
A operação recebeu o nome de Direto com o Dono. Além de Ricardo, sua filha, Laura Nunes, também foi presa.
Na operação de hoje, foram cumpridos três mandados de prisão e 14 de busca e apreensão — em Belo Horizonte, Contagem e Nova Lima, além de São Paulo e Santo André –, expedidos pela Vara de Inquéritos de Contagem.
O alvo do outro mandado de prisão é o atual diretor-superintendente da Ricardo Eletro, Pedro Daniel Magalhães, mas ele ainda não tinha sido encontrado e é considerado foragido.
O fundador da Ricardo Eletro teria sonegado quase R$ 400 milhões em impostos, ao longo de cinco anos, de acordo com o MPF de Minas Gerais.
Além da prisão de Ricardo Nunes, a Justiça bloqueou imóveis do empresário avaliados em R$ 60 milhões. Este é o valor de galpões e terrenos que ele adquiriu nos últimos anos na região metropolitana de Belo Horizonte.
A suspeita é que os imóveis teriam sido comprados com dinheiro de sonegação do ICMS em Minas Gerais — estimada em cerca de R$ 380 milhões nos últimos dez anos.
Os investigadores suspeitam que Ricardo Nunes, apesar de formalmente desligado do quadro de acionistas da empresa, ainda continuava, na prática, à frente do negócio.
“A lavagem de dinheiro, a ocultação patrimonial, vem ocorrendo de 2012 a 2018, e o crime não está prescrito. Ele vem adquirindo imóveis urbanos, sobretudo na região metropolitana de Belo Horizonte. Tinha terrenos urbanos que deram origem a shopping centers, pelo menos dois”, disse o promotor Fabio Nazareth.
Como a Crusoé noticiou, a Operação Direto com o Dono foi deflagrada a partir de uma mudança recente de entendimento do STF — em dezembro do ano passado, a Corte decidiu considerar crime de apropriação indébita o não pagamento de ICMS.
O Supremo julgou o recurso de um empresário catarinense que declarou o recolhimento de R$ 30 mil de ICMS, mas não pagou o valor. Antes do julgamento, definido por sete votos a três, a falta de pagamento não era reconhecida como crime tributário, mas como simples inadimplência.
A partir de então, a Secretaria de Fazenda de Minas Gerais começou a analisar a condição de contribuintes que se enquadravam nessa situação e encaminhou os casos ao MP e à Polícia Civil.
De São Paulo, a expectativa era que Ricardo embarcasse rumo a Belo Horizonte ainda hoje, escoltado pela força-tarefa. Segundo o delegado Vitor Abdala, ele deve ser ouvido pela Polícia Civil até a próxima sexta-feira, dia 10.
Em nota, a Ricardo Eletro afirma que “Ricardo Nunes e/ou familiares não fazem parte do seu quadro de acionistas e nem mesmo da administração da companhia desde 2019”. Hoje, a companhia pertence a um fundo de investimento em participação, depois de entrar, em 2018, com uma ação de recuperação extrajudicial.
Segundo a empresa, a operação realizada nesta quarta se refere a “processos anteriores à gestão atual” e diz respeito a “supostos atos praticados por Ricardo Nunes e familiares, não tendo ligação com a companhia”.
A Ricardo Eletro reconhece “parcialmente as dívidas” com o estado de Minas e afirma que, antes da epidemia de Covid-19, “estava em discussão avançada com o estado para pagamento dos tributos passados, em consonância com as leis estaduais.”. A empresa diz ainda estar à disposição das autoridades para colaborar com as investigações.
Atualização feita em 08/07/2020, às 15h29.
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