Convocações para atos antidemocráticos viraram negócio lucrativo, diz PGR
No pedido para quebrar sigilos de deputados e militantes bolsonaristas, a Procuradoria Geral da República afirmou que convocações para atos antidemocráticos e suas transmissões pelo YouTube tornaram-se um negócio lucrativo na internet...
No pedido para quebrar sigilos de deputados e militantes bolsonaristas, a Procuradoria Geral da República afirmou que convocações para atos antidemocráticos e suas transmissões pelo YouTube tornaram-se um negócio lucrativo na internet.
No documento, apresentado ao ministro Alexandre de Moraes, relator do inquérito sobre as manifestações, a PGR disse que os ativistas que atuam nas redes ganham renda com o “tráfego que geram, a quantidade de seguidores que arrebanham, o universo de pessoas que alcançam com suas mensagens, a sua capacidade de influenciar seus seguidores”.
“Há uma escalada em que mensagens apelativas produzem propagação e dinheiro; e a busca por dinheiro gera a necessidade de renovação de bandeiras com grande apelo e propagação”, afirma o documento.
Autor do pedido, o vice-procurador-geral da República, Humberto Jacques de Medeiros, citou relatório de empresa especializada que estima que o canal de YouTube bolsonarista Folha Política pode ter lucrado entre 6 e 11 mil dólares (até R$ 57 mil) com a transmissão da manifestação de 3 de maio, em que Jair Bolsonaro apareceu na rampa do Palácio do Planalto para cumprimentar os apoiadores.
O canal Foco do Brasil, por sua vez, pode ter lucrado de 7,5 a 18,8 mil dólares (até R$ 98 mil) na transmissão da live de Bolsonaro no protesto de 19 de abril, em frente ao Exército. Os dois canais e seus administradores tiveram o sigilo quebrado por Moraes, a pedido de Medeiros.
“Com o objetivo de lucrar, estes canais, que alcançam um universo de milhões de pessoas, potencializam ao máximo a retórica da distinção amigo-inimigo, dando impulso, assim, a insurgências que acabam efetivamente se materializando na vida real, e alimentando novamente toda a cadeia de mensagens e obtenção de recursos financeiros”, afirmou o vice-procurador.
Ele afirma que milhões de pessoas são atraídas para os canais com “títulos expressivos” — tais como “Bolsonaro rebate conspiradores”, “Bolsonaro invade STF” e “Bolsonaro e Forças Armadas fechados em um acordo para o Brasil” — e tuítes de apoiadores do presidente nas redes que apelam por intervenção militar. Os mais influentes também tiveram sigilos quebrados.
A PGR afirmou que as mensagens antidemocráticas migram para outras plataformas, especialmente listas de transmissão de WhatsApp, que adquirem “perfil profissionalizado”, com a criação de grupos que facilitam a distribuição para milhares de pessoas.
“Passam a contar com um conjunto de pessoas que desempenham papéis específicos na curadoria de conteúdo, no compartilhamento de desinformação e na inclusão e na remoção de integrantes, tarefas para as quais podem até mesmo ser remuneradas”, descreveu a PGR.
Com as quebras de sigilo, a PGR pretende aprofundar as investigações sobre o financiamento de atos antidemocráticos. Serão coletados dados de 11 parlamentares e outras 26 pessoas, físicas e jurídicas, ligadas ao bolsonarismo, além de pessoas vinculadas a elas com transações suspeitas.
Na sexta-feira (19), publicamos que o canal Foco do Brasil mudou de nome e também de endereço no YouTube. O novo endereço se chamava ‘LovelyBabyTwins’ (‘adoráveis bebês gêmeos’, em inglês).
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