Por cloroquina, Bolsonaro quer que outros caiam em jogo de Azar
Jair Bolsonaro publicou hoje um vídeo do secretário de saúde dos EUA, Alex Azar. E afirmou, sem mostrar provas, que a revogação da FDA para o uso em pacientes hospitalizados, de alguma forma ,"amplia" o tratamento com hidroxicloroquina nos EUA...
Jair Bolsonaro publicou hoje um vídeo do secretário de saúde dos EUA, Alex Azar. E afirmou, sem mostrar provas e contrariando a lógica, que a revogação da FDA para o uso em pacientes hospitalizados de alguma forma “amplia” o tratamento com hidroxicloroquina nos EUA.
O vídeo publicado por Bolsonaro é verdadeiro e mostra uma reunião do gabinete de Trump ocorrida ontem.
Obviamente, nada apoia a leitura de Bolsonaro.
O secretário Azar destacou no vídeo que a revogação da FDA à autorização da cloroquina (CQ) e da hidroxicloroquina (HCQ) se aplica apenas a pacientes hospitalizados. Ensaios clínicos e o uso ‘off-label’, com receita médica, ainda podem acontecer. Beleza.
Mas não foi só isso que a cientista-chefe da FDA, Denise Hinton, escreveu.
O texto da carta é claro: “não é mais razoável acreditar que as formulações orais da HCQ e da CQ possam ser eficazes em tratar a COVID-19, nem é razoável acreditar que os benefícios conhecidos e potenciais desses produtos tenham mais peso que os riscos conhecidos e potenciais”.
Hinton acrescentou que o uso emergencial da HQC e da CQ foi autorizado “em um momento em que havia amplo uso dessas drogas por médicos para tratar pacientes de COVID-19”. Havia, no passado.
A carta de Hinton menciona ainda o ensaio RECOVERY, patrocinado pela Universidade de Oxford, com a participação de mais de 11 000 pacientes de 175 hospitais no Reino Unido. Em 5 de junho, os coordenadores do estudo interromperam a inclusão de pacientes no grupo que recebe hidroxicloroquina, por terem concluído que a droga não traz benefícios para pacientes hospitalizados.
Azar e Bolsonaro preferem destacar a extensão do poder burocrático da FDA, em vez da conclusão substantiva sobre não terem encontrado benefícios nos remédios, e os riscos terem mais peso.
Em tempo: a FDA também publicou ontem que não recomenda o uso de cloroquina ou hidroxicloroquina junto com o remdesivir, pelo potencial de reduzir a atividade antiviral do remédio.
Bolsonaro permanece um paladino das substâncias mágicas, como o nióbio e a fosfoetanolamina.
Os comentários não representam a opinião do site; a responsabilidade pelo conteúdo postado é do autor da mensagem.
Comentários (0)