Filipe Martins “seria reprovado na minha disciplina de Segurança Internacional”, diz professor
David Magalhães, professor de Relações Internacionais da PUC-SP e da FAAP, rebateu um tuíte no qual Filipe Martins cita o general e estrategista militar prussiano Carl von Clausewitz...
David Magalhães, professor de Relações Internacionais da PUC-SP e da FAAP, rebateu um tuíte no qual Filipe Martins cita o general e estrategista militar prussiano Carl von Clausewitz.
O militante virtual que ocupa o cargo de assessor de Jair Bolsonaro para assuntos internacionais havia escrito:
“Clausewitz dizia que a política é a continuação da guerra por outros meios (ou vice e versa) e, em que pese ouvirmos com frequência que isso não passa de uma metáfora inteligente, acredito que o general prussiano nos ofereceu uma das descrições mais exatas da política moderna.”
Magalhães apontou que o autor citado defende apenas o inverso e que a ideia atribuída a ele é de outro autor. Eis o seu comentário:
“Seria reprovado na minha disciplina de Segurança Internacional. Clausewitz afirma que a guerra é a continuação da política e NÃO pode ser vice e versa. A ideia da política como continuação da guerra é de Carl Schmitt, o anti-liberal jurista do 3° Reich. Isso é básico, é primário.
Mas é uma confusão conveniente. A visão da política como guerra, que traz consigo a possibilidade da aniquilação do outro (para Schmitt, o inimigo) está no DNA do fascismo e, por consequência, do bolsonarismo, que só existe se houver um inimigo para destruir.
Um dos maiores pensadores do século XX, o liberal (de verdade) Raymond Aron, desautoriza por completo essa inversão feita por Sorocabannon. Deixo aqui os 2 tomos que Aron escreveu sobre Clausewitz. Vai estudar, deusvultinho.
Ah, o Aron leu Marx em alemão e debateu com Sartre. Mas era muito crítico do marxismo. Então, pode ler que ele não é comuna e muito menos globalista.”
As referências a Martins como “Sorocabannon” e “deusvultinho” se devem, respectivamente, ao apelido recebido pelo natural de Sorocaba em razão de sua admiração pelo estrategista americano Steve Bannon, demitido por Donald Trump, e ao grito em latim “Deus Vult!” (“Deus quer!”) dado pelo povo quando o Papa Urbano II anunciou a Primeira Cruzada em 1095. Martins celebrou a vitória eleitoral de Bolsonaro e o dia da posse emulando o grito com as seguintes frases: “Está decretada a nova Cruzada. Deus vult!” e “A nova era chegou. É tudo nosso! Deus vult!”
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