Por que Sara Winter é perigosa: ela é a Valquíria de Bolsonaro
Sara Winter é uma figura ridícula, mas perigosa. Sim, perigosa. Não que o grupo de 300 patetas, com seu acampamento cretino, suas coreografias mambembes e demais molecagens na Praça dos Três Poderes, como invadir áreas restritas do Congresso ou disparar fogos de artifício contra a sede do STF, fossem em si próprios ameaças às instituições. Sara Winter é perigosa como símbolo...
Sara Winter é uma figura ridícula, mas perigosa. Sim, perigosa. Não que o grupo de 300 patetas, com seu acampamento cretino, suas coreografias mambembes e demais molecagens na Praça dos Três Poderes, como invadir áreas restritas do Congresso ou disparar fogos de artifício contra a sede do STF, fossem em si próprios ameaças às instituições. Sara Winter é perigosa como símbolo.
Ela simboliza o lado mais obscuro de Jair Bolsonaro. Eis, portanto, porque o presidente da República não a condenou — e, se o fizer, será porque se sentiu compelido pelas circunstâncias, jamais por convicção. Sara Winter concretiza, ao seu modo fuleiro, os desejos nem tão inconscientes assim de Bolsonaro. Ela executa de forma farsesca, teatral, o que ele gostaria de fazer na realidade: invadir o Congresso, fechar o STF, submeter o sistema democrático representativo ao que julga ser a verdadeira democracia — os apetites do rebotalho social.
Lula também sonhava fazer algo semelhante quanto ao sistema democrático representativo, só que de maneira mais cínica: por meio do seu partido, embora também recorresse ao rebotalho que lhe é fiel para executar determinados serviços sujos. Historicamente, é dessa maneira que a esquerda funciona: coloca o rebotalho a serviço de um partido que enxerga a democracia como valor estratégico, não universal. No caso de certa direita, é o próprio rebotalho que se faz partido, como a história mostra igualmente. Aliás, não deixa de ser ilustrativo que Bolsonaro, ao ascender à Presidência, permaneça sem partido e tenha dificuldade em montar uma agremiação dentro dos limites impostos pelo ordenamento eleitoral.
O perigo de Sara Winter está no seu potencial de símbolo, enfatize-se. As forças inconscientes mais deletérias começam operando no campo simbólico, mas podem extravasar para a realidade se encontrarem condições para tanto. É preciso interditá-las com a arma de que a civilização dispõe: a letra da lei. Senão, será a barbárie. A munição de verdade poderia substituir a de artifício. A pólvora é a mesma, não esqueçamos.
Sara Winter é a Valquíria de Bolsonaro.
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