A chantagem grega não é econômica
O ministro da Fazenda da Grécia, Yanis Varoufakis, afirmou que o povo do seu país disse um "não" à "chantagem" do Eurogrupo. Na verdade, com o resultado do referendo de hoje, é o governo grego que já começou a chantagear, não o Eurogrupo, mas a União Europeia e os Estados Unidos...
O ministro da Fazenda da Grécia, Yanis Varoufakis, afirmou que o povo do seu país disse um “não” à “chantagem” do Eurogrupo. Na verdade, com o resultado do referendo de hoje, é o governo grego que já começou a chantagear, não o Eurogrupo, mas a União Europeia e os Estados Unidos.
O Antagonista explica: o mercado já precificou a falência da Grécia e a sua saída da Zona do Euro. O jeito, como informamos há alguns dias, seria lançar uma bóia murcha a Atenas, que garantisse a liquidez grega por um curto período. Assim, o país poderia criar uma moeda paralela para conviver com o euro durante certo tempo, sem arrastar consigo outras nações e suas respectivas instituições financeiras. A Grécia, por si só, se tornaria apenas mais uma caloteira que pagaria o preço de sê-lo, e as consequências seriam tão funestas para ela que desestimulariam outros a seguir pela mesma estrada.
A solução puramente econômica está dada, mas a chantagem de Alexis Tsipras e Varoufakis é outra. A Grécia, eles sabem, é estratégica demais para o Ocidente, do ponto de vista geopolítico. Nada impediria, apesar das negativas de Atenas, que os radicais de esquerda gregos resolvessem retaliar, retirando o país da Otan e cometendo outras loucuras, como aproximar-se da Rússia. Por esse motivo, os Estados Unidos pressionam pela permanência da Grécia na Zona do Euro.
Esse será o assunto de Angela Merkel e François Hollande, amanhã, em Paris — e, no dia seguinte, dos líderes da Zona do Euro, em Bruxelas.
O Antagonista daria uma banana a Tsipras, Varoufakis e os 62% de cidadãos que votaram “não”. O maior perigo é aceitar a chantagem de Atenas, porque chantagens nunca têm fim. E, num futuro muito breve, os gregos perceberiam que Tsipras e Varoufakis formam um péssimo sintagma.
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