O pronunciamento completo de Bolsonaro sobre a saída de Moro
"Estou decepcionado e surpreso com seu comportamento. Não se dignou a me procurar e preferiu uma coletiva de imprensa para comunicar sua decisão", disse Jair Bolsonaro sobre Sergio Moro ao ler hoje um pronunciamento oficial sobre a saída do ex-juiz do governo. Leia abaixo a íntegra do pronunciamento...
“Estou decepcionado e surpreso com seu comportamento. Não se dignou a me procurar e preferiu uma coletiva de imprensa para comunicar sua decisão”, disse Jair Bolsonaro sobre Sergio Moro ao ler hoje um pronunciamento oficial sobre a saída do ex-juiz do governo.
Leia abaixo a íntegra do pronunciamento:
“Meu compromisso é com o Brasil e com a democracia. Sempre dei plena liberdade aos meus ministros, sem abrir mão do meu poder de veto e da minha autoridade como presidente da República. Sempre mantive diálogos republicanos com todos os meus ministros. Temos discordâncias e convergências, mas em qualquer situação mantive o respeito à opinião de todos. Sempre fui leal a eles.
Ontem, mais uma vez conversamos com o ministro Sergio Moro sobre a substituição na Polícia Federal. Esperava, em conjunto com o senhor ministro, definir um nome para dirigir a instituição, ainda que, pela lei, essa seja uma prerrogativa do presidente da República.
Estou decepcionado e surpreso com seu comportamento. Não se dignou a me procurar e preferiu uma coletiva de imprensa para comunicar sua decisão. Meu compromisso é com a verdade, sem distorções. Não são verdadeiras as insinuações de que eu desejaria saber sobre investigações em andamento. Nos quase 16 meses em que esteve à frente do Ministério da Justiça, o senhor Sergio Moro sabe que jamais lhe procurei para interferir nas investigações que estavam sendo realizadas. A não ser aquelas, não via interferência, mas quase como uma súplica, sobre o Adélio, o porteiro e o meu filho 04.
Sobre a exoneração do doutor Valeixo, diretor-geral da Polícia Federal, pela Lei 13.047/2014, é prerrogativa do presidente da República a nomeação e exoneração do diretor-geral, bem como de vários outros cargos da administração direta. A exoneração ocorreu após uma conversa minha com o ministro da Justiça, pela manhã de ontem.
À noite, eu e o doutor Valeixo conversamos por telefone e ele concordou com a exoneração a pedido. Desculpe, senhor ministro, o senhor não vai me chamar de mentiroso. Não existe uma acusação mais grave do que um homem como eu, militar, cristão e presidente da República, ser acusado disso. Essa foi a minha conversa com o doutor Valeixo.
Mais ainda: não só a imprensa publicou no dia de ontem e de hoje, bem como entre aspas, o doutor Valeixo, em contato com a Superintendência do Brasil, comunicando que estava cansado, que desde janeiro queria sair. Então não foi uma demissão que causasse surpresa a quem quer que fosse.
A PF é uma instituição de Estado, ela deve se conduzir de acordo com a Constituição Federal e as leis do país, não importa quem as conduza. Não abro mão disso. Não existe possibilidade de interferência na Polícia Federal. Sua própria estrutura e seus profissionais garante autonomia de suas investigações. Essa autonomia é inerente à instituição, independente de governos.
Não posso aceitar minha autoridade confrontada por qualquer ministro. Assim como respeito a todos, espero o mesmo comportamento. Confiança é uma via de mão dupla. Continuarei fiel a todos os brasileiros. Seguirei no combate à corrupção, às organizações criminosas e no trabalho para redução da criminalidade.
O governo continua, o governo não pode perder sua autoridade por questões pessoais de alguém que se antecipa a projetos outros.
Travo o bom combate. A minha preocupação é entregar o Brasil para quem vier me suceder no futuro, bem melhor que recebi em janeiro do ano passado. Confio nos meus ministros, nos servidores públicos que têm nos ajudado a vencer a esses obstáculos. O Brasil é maior que qualquer um de nós. Este é o nosso compromisso, este é o nosso dever de servir à pátria.
A pátria vai ter de cada um de nós o seu empenho, o seu sacrifício, e se possível, se for necessário, o teu sangue para defender a democracia e a liberdade.
O meu muito obrigado a todos os senhores.”
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