Com afago ao Centrão, Bolsonaro tenta corrigir ‘erro’ de ter terceirizado ao DEM a articulação política
Uma liderança do Centrão, em reservado, disse a O Antagonista que a aproximação de presidentes de partidos com Jair Bolsonaro não tem nada de pessoal contra Rodrigo Maia. A avaliação do parlamentar é a de que o governo percebeu que errou ao praticamente transferir para o presidente da Câmara o papel de articulação política, incluindo a tarefa de distribuição de cargos...
Uma liderança do Centrão, em reservado, disse a O Antagonista que a aproximação de presidentes de partidos com Jair Bolsonaro não tem nada de pessoal contra Rodrigo Maia.
A avaliação do parlamentar é de que o governo percebeu que errou ao praticamente transferir para o presidente da Câmara o papel de articulação política, incluindo a tarefa de distribuição de cargos.
Esse modelo, que prevaleceu praticamente durante todo o primeiro ano do governo, fortaleceu e muito o DEM, que controla a Câmara (Rodrigo Maia) e o Senado (Davi Alcolumbre) e, na avaliação do Planalto, estava conseguindo “emparedar o governo”.
Não custa lembrar que, como O Antagonista revelou em reportagens especiais, Alcolumbre coordenou a distribuição da verba extra bilionária que jorrou do Ministério do Desenvolvimento Regional nos últimos dias de 2019.
O contato de Bolsonaro com lideranças como Ciro Nogueira (Progressistas), Valdemar Costa Neto (PL), Marcos Pereira (Republicanos) e Gilberto Kassab (PSD), vale registrar, começou antes da ascensão e do recente declínio de Luiz Henrique Mandetta, do DEM, ex-ministro da Saúde.
O Planalto, no entender dessa liderança do Centrão, avaliou — ainda que tardiamente — que errou ao dar muita força a um único partido, o DEM, e agora se esforça para tentar recuperar um papel que entende que deveria ter sido seu desde o início: o de comandar a articulação política (que inclui a distribuição de cargos, repita-se).
Rodrigo Maia, como registramos mais cedo aqui, já entendeu essa mudança no tabuleiro e esboça reações. Ao mesmo tempo, presidentes dos partidos procuram acalmá-lo, dizendo que não há motivo para “nervosismo” e garantindo que o Centrão não será “base do governo”, apesar dos generosos cargos que estão ganhando (e celebrando) na Codevasf, na Funasa, no DNIT e no FNDE, por exemplo.
“É do jogo natural”, afirmou a liderança do Centrão.
Bolsonaro ataca a “velha política”, mas está com ela no “jogo natural” do toma-lá-dá-cá.
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