Exclusivo: antes de morrer, delegado que fechou delação de Marcos Valério confirma acusações e fala em conchavo entre PT e PSDB
Responsável pela delação de Marcos Valério - homologada parcialmente por Celso de Mello em 2018 -, o delegado da Polícia Civil Rodrigo Bossi morreu de câncer, aos 51 anos, em 1º de janeiro. Dois meses antes, Bossi prestou depoimento à Justiça em Minas Gerais, no âmbito de um processo envolvendo o lobista Nilton Monteiro. Nesse depoimento, obtido por O Antagonista...
Responsável pela delação de Marcos Valério – homologada parcialmente por Celso de Mello em 2018 -, o delegado da Polícia Civil Rodrigo Bossi morreu de câncer, aos 51 anos, em 1º de janeiro.
Dois meses antes, Bossi prestou depoimento à Justiça em Minas Gerais, no âmbito de um processo envolvendo o lobista Nilton Monteiro.
Nesse depoimento, obtido por O Antagonista, o delegado ressalta que estava limitado ao acordo de confidencialidade da colaboração, mas confirma o conteúdo dos depoimentos do ex-publicitário pivô do escândalo do mensalão.
“O que eu sei hoje que está contido no acordo de colaboração do Marcos Valério é a maior organização criminosa feita para perseguir opositores”, com uso de “fraude processual, falsas perícias, desaparecimento de autos, desaparecimento de documentos.”
Bossi acusa o Ministério Público de negligência, e a Polícia Federal, de sonegar informações. E comenta que sua participação no acordo firmado com a Polícia Federal foi uma exigência do próprio Valério.
“O primeiro dia que o Marcos Valério chegou lá na delegacia e falou assim: Dr. eu quero fechar o acordo só com o Sr., porque a Polícia Federal está sonegando informações de você e eu quero abrir uma segunda via.”
Na versão do delegado, o esquema começou em 1998. Segundo ele, Nilton Monteiro era operador do ex-deputado Sérgio Augusto Naya, que emprestava dinheiro para políticos. Quando o edifício Palace II caiu, Naya ficou exposto e “passou todos esses créditos para o nome do Nilton Monteiro”.
Segundo Bossi, Nilton ficou responsável por cobrar os empréstimos de políticos, como Eduardo Azeredo. Como o tucano não pagou, ele denunciou o esquema. “Ele exigiu dinheiro muitas vezes, inclusive ele alertou o Azeredo de que ia entregar o esquema se não pagasse. E entregou.”
Para o delegado falecido, as perícias da Lista de Furnas e de outras relações de autoridades foram forjadas para que Monteiro fosse desacreditado e a CPI dos Correios não enveredasse para o esquema tucano. “Eu tenho muito mais coisas para falar sobre o conchavo político, entendeu? Entre PT e PSDB que o sr. nem imagina.”
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