Por que o resultado do Enem não é 100% confiável
Funcionários do MEC e do Inep, braço do MEC que organiza o Enem, disseram à Folha, sob condição de anonimato, que não é possível ter 100% de confiança nos resultados...
Funcionários do MEC e do Inep, braço do MEC que organiza o Enem, disseram à Folha, sob condição de anonimato, que não é possível ter 100% de confiança nos resultados deste ano.
Isso se deve a uma opção do governo, referendada ontem pelo presidente do STJ, João Otávio de Noronha.
Como O Antagonista mostrou na semana passada, o Enem não funciona como um vestibular tradicional, no qual cada resposta vale 1 ponto. As questões mais difíceis valem mais. A dificuldade é medida, em parte, pelo próprio desempenho dos candidatos na prova.
O governo optou por rever os gabaritos dos quase 6 000 alunos cujas provas tiveram problemas de impressão. Mas não refez o cálculo das notas dos outros mais de 3 milhões de candidatos.
Apesar de a quantidade de provas com problemas ser proporcionalmente pequena – cerca de 0,15% – o recálculo poderia alterar a lista de aprovados em cursos concorridos.
A DPU pediu à Justiça que fosse comprovado que a revisão das notas das provas com problema de impressão fosse considerada para a readequação das notas de todos os candidatos. Isso não aconteceu.
Além disso, parte das questões não foram pré-testadas. Os pré-testes servem para calibrar a dificuldade das questões antes da prova de verdade. Eles fazem parte de uma verdadeira caixa-preta do Enem. O MEC não divulga quantos pré-testes realiza por ano, nem quantas perguntas tem em seu banco de questões.
No Enem sob Haddad, já havia a suspeita que muitas questões do Enem não eram pré-testadas, por trazerem conteúdo de noticiário recente. Em 2019, não houve questões dessa natureza, mas, sabe-se agora, muitas foram “testadas” no dia da prova.
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